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O poder das boas escolhas para evitar situações extremas

Giuliana Sesso reflete sobre as exigências de uma vida perfeita e quais são as consequências disso

Por Giuliana Sesso em depoimento a Helena Galante
Atualizado em 3 nov 2023, 14h52 - Publicado em 3 nov 2023, 06h00
 (Olaser/Getty Images/Reprodução)
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Se nós somos o resultado das escolhas que fazemos, será que estamos fazendo as melhores escolhas para viver uma vida com mais sentido? Estudos apontam que fazemos cerca de 35 000 escolhas por dia. Muitas delas de forma consciente, mas a maioria, inconsciente. Elas podem ser bem pequenas mas, quando somadas, moldam nosso estilo de vida, mostram como usamos nosso tempo, definem com quem andamos, o tipo de trabalho que aceitamos, por quem somos influenciados e até como gastamos nosso dinheiro.

Andar desatento pelas escolhas da vida vai nos fazendo viver mais afastados de quem somos na essência, esquecer dos nossos limites, de nossas crenças e valores e do que nos dá prazer de verdade. E, assim como cada “sim” importa, nosso caminho também é feito pelos nossos “nãos”. As propostas negadas, as amizades que precisamos afastar, o chefe que precisa respeitar limites. Todos esses posicionamentos também nos fazem ser mais quem somos. E podem nos ajudar a mudar de vida.

Vivemos em uma sociedade que deturpou alguns conceitos importantes e acha bonito afirmar que se trabalha mais do que todo mundo. Ter a agenda lotada sabe-se lá de que é status. Chegar lá é sinônimo de dinheiro e poder. Esse caminho é um perigo, porque faz com que seja criado um abismo entre quem nós somos na essência e quem nós acabamos nos tornando.

É aí que precisamos parar e falar de burnout.

Burnout é a síndrome do esgotamento profissional, um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema — e ainda um tabu. Quem tem é levado a acreditar que foi fraco e não deu conta. Então as empresas escapam de assumir a responsabilidade por ambientes e líderes tóxicos.

Essa é uma doença que exige tratamento e, infelizmente, umas férias não serão o suficiente para se recompor. Na minha opinião, o burnout não é apenas a exaustão no trabalho, e sim uma combinação do cansaço extremo em todas as áreas de nossa vida.

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Assumimos tantos compromissos e obrigações, lidamos com tantas pessoas desumanas, temos que ser inteligentes, pais perfeitos, bons filhos, dar conta da casa, ser ótimos profissionais. E achamos que isso é normal e possível, mas não é.

Nosso corpo vai dando sinais ao longo do tempo, nossa mente nos avisa que algo vai mal, mas não percebemos. Em que momento paramos de revisitar quem realmente somos, lá na essência? Como passamos a escolher caminhos que nos fazem mal?

Hoje, passados quatro anos da minha experiência particular com o tema, me pergunto: será que eu teria tido burnout se tivesse escolhido não passar por algumas situações? Será que eu achava mesmo que eu daria conta de situações que ninguém dá? Por que não dei ouvidos a tantos sinais?

Talvez por medo de parecer fraca ou pela coragem de achar que daria certo. Talvez pela minha fé e minhas crenças. Pelo meu preparo. Talvez pela inconsequência maravilhosa de ser jovem, e de acreditar que comigo, ahhh, comigo seria diferente.

Atualmente, eu ainda me trato, mas consigo dizer que meu burnout me fez viver a vida de outra forma. Lembro constantemente que não posso voltar a me desconectar de mim para não deixar de viver uma vida com sentido, que não posso voltar ao automatismo.

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Desejo que todos nós estejamos mais atentos às boas escolhas, e que elas sejam sementes para uma vida melhor.

Giuliana Sesso
Giuliana Sesso (@giuliana_sesso) é fundadora da @the_good_hub, uma butique de ideias e narrativas do bem para boas marcas, bons projetos e boas pessoas. (Divulgação/Divulgação)

A curadoria dos autores convidados para esta seção é feita por Helena Galante. Para sugerir um tema ou autor, escreva para hgalante@abril.com.br.

Publicado em VEJA São Paulo de 3 de novembro de 2023, edição nº 2866

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