Ser feliz é uma decisão!
Ana Volpon, especialista em psicologia positiva, fala sobre a escolha da felicidade
Longe de passar receita pronta, arrisco dizer, por experiência, que você vai precisar basicamente de três ferramentas para ser feliz: consciência, resiliência e hábito. Consciência de que a felicidade é construção. Mesmo quem não nasce com predisposição para o bom humor pode desenvolver a habilidade.
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É preciso resiliência porque o mundo aí fora não é brincadeira, exige coragem para enfrentar desafios internos, e as tantas vozes externas que ficam à margem evitam o palco mas se incomodam com a luz de quem brilha. E são acidamente desanimadoras. Hábito — tudo o que se torna um hábito cola, permanece, solidifica. A sua forma de pensar (positiva, neutra ou negativa) também é um hábito.
De fato, é muito mais fácil ser triste, conformado e desconectado do ser. Não dá trabalho nenhum, mas também não o leva além do seu cercadinho, que vai se tornando cada vez mais constrito, fechado, limitado. Ser feliz é trabalho constante, minuto a minuto. Cuida-se dos pensamentos desgovernados, do volume da voz interna e das interferências externas.
É preciso consciência do momento presente, autoconhecimento, mindfulness, e os benefícios são inúmeros. O cérebro positivo tem vantagem biológica sobre o negativo ou o neutro. A felicidade leva ao sucesso, inclusive no trabalho. Melhora saúde, amizades, sociabilidade, criatividade e dá mais energia! Eu sempre aparentei ser uma pessoa feliz por fora, sorrindo, com energia, vitalidade. Mas essa aparência era uma jaula e o meu perfeccionismo era ainda mais tóxico. Apesar da carreira de sucesso, eu não me permitia ser vulnerável e errar.
Sempre preocupada com a opinião externa, nem de longe eu conhecia a autorreferência. Era mesmo desconectada, corpo, mente, espírito, um para cada lado e salvese quem puder! Eu caí em todas as armadilhas possíveis e imagináveis — a maioria gerada pela minha própria mente. Meu despertar não foi de um dia para outro. Teimosa, apegada e governada pelo ego, caí e me machuquei diversas vezes.
A gota d’água foi o entendimento de que a vida é mesmo curta, Covid e burnout aceleraram a decisão de que eu tinha de tomar as rédeas e fazer acontecer. Abrir minha gaiola de ouro, deixar meu alpiste e ir para o palco me custou, doeu, mas eu tinha de preencher aquele imenso vazio interior. Acabar com a sensação de estar fazendo nada de útil para o mundo.
Depois de 22 anos no mercado corporativo, altos cargos e salário, rompi com o ciclo sufocante e fui me redescobrir. Aos 41 anos, recomecei, investi numa nova formação para levar a mensagem de que a autocura é possível: basta escutar seu corpo, controlar sua mente e alimentar seu espírito. Hoje, baseada no estilo de vida milenar do ayurveda, sou uma agente transformadora, ajudo pessoas a encontrar sua melhor versão, por meio de ferramentas práticas para construir a felicidade. E cocriar a vida que merecem.
Ninguém precisa virar hippie, largar tudo e vender miçanga na praia para atingir a plenitude e a paz interior. É preciso consciência no momento presente, entendimento de que mapa não é território e diagnóstico não é sentença. Você pode ser o que você quiser! Basta colocar a intenção verdadeira, trabalhar para isso, confiar no Universo. Ou como você preferir chamar essa energia: Deus, Mente, Fonte, Poder Superior, Fluxo.
Tudo o que existe no macro está no microcosmo. E somos todos um. Há unidade, união, conexão. Decida ser feliz e verá mudanças importantes na sua vida!
A curadoria dos autores convidados para esta seção é feita por Helena Galante. Para sugerir um tema ou autor, escreva para hgalante@abril.com.br.
Publicado em VEJA São Paulo de 7 de dezembro de 2022, edição nº 2818
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