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Filmes e Séries - Por Barbara Demerov

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Diários de Otsoga: filme português documenta diário pandêmico às avessas

Realidade, ficção, início e final se confundem no longa gravado durante lockdown que mostra trio de atores isolados em sítio

Por Saulo Yassuda Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
22 jul 2022, 06h00
Imagem mostra diversas pessoas em cima de trator, ao ar livre
Cena do longa: contado de trás para a frente. (Vitrine Filmes/Divulgação)
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✪✪✪ O cotidiano na pandemia é contado de trás para a frente em ‘Diários de Otsoga’ (tente ler “otsoga” ao contrário), em cartaz nos cinemas. Gravado de maneira cronológica durante o primeiro lockdown em Portugal, o longa lusitano dirigido por Miguel Gomes (Aquele Querido Mês de Agosto) e Maureen Fazendeiro foi montado na forma de um diário de 22 dias às avessas — cada episódio explica o anterior.

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Trata-se de um recorte na vida pandêmica de Crista, Carloto e João (Crista Alfaiate, Carloto Cotta e João Nunes Monteiro), em isolamento numa quinta, ou sítio, construindo um borboletário. estamos no verão europeu, tudo parece solar e uma atmosfera de ócio predomina.

Pouco a pouco, descobrimos que, na verdade, o trio é composto de atores a gravar algo ali, e vamos conhecendo também a equipe confinada com eles na propriedade (alguns usam máscara). em muitos momentos, a obra adquire jeitão de documentário observativo e, como mosquinhas, acompanhamos a discussão sobre o intérprete que “furou” a quarentena antes da cena de beijo e as indagações do elenco com o diretor a respeito da obra.

Isso não significa, porém, que o filme faça a linha “é tudo verdade”, típica do cinéma vérité. Pelo contrário, real e ficção se confundem. entremeado de silêncios, o trabalho ganha pontos ao mostrar o prosaico — o banho no cão, o corte das batatas, a limpeza da piscina, a janela a bater — e extrair alguma poesia do banal, em uma fase da vida — o início da pandemia — que a gente nem gosta muito de recordar.

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Publicado em VEJA São Paulo de 27 de julho de 2022, edição nº 2799

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