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Filmes e Séries - Por Mattheus Goto

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‘O olhar do outro sempre me interessa’: 3 perguntas para Marcelo Gomes

Diretor lançou nesta semana ‘Retrato de Um Certo Oriente’, inspirado em livro de Milton Hatoum, com atores libaneses e indígenas

Por Mattheus Goto
24 nov 2024, 10h00
O cineasta Marcelo Gomes
O cineasta Marcelo Gomes (Divulgação/Divulgação)
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O diretor recifense Marcelo Gomes, 61, acaba lançar o filme Retrato de Um Certo Oriente, inspirado no livro de 1989 de Milton Hatoum.

Totalmente em preto e branco, o longa fala sobre amor, imigração, preconceito, sexualidade e memória, às vezes sem usar palavras, com uma riqueza de detalhes visuais.

Ambientado em 1949, narra a viagem de dois irmãos libaneses refugiados a Manaus, onde cruzam caminho com uma comunidade indígena. Encontros e desencontros amorosos balançam ainda mais essa jornada.

Retrato-de-Um-Certo-Oriente
Troca cultural: cineasta aprendeu sobre hábitos estrangeiros e um novo olhar para a Amazônia (Divulgação/Divulgação)

O cineasta soube navegar muito bem por águas desconhecidas, caso da junção de oito idiomas no set. “Foi o filme mais difícil que já fiz”, conta o diretor. “Tivemos tradutor nos primeiros dias, mas depois dispensamos, porque eu acreditava que o olhar ia me dizer a verdade.”

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Leia trechos da entrevista a seguir.

O que chamou sua atenção no livro do Milton Hatoum?

Um elemento muito importante é a alteridade. O olhar do outro sempre me interessa. A questão da imigração é outro ponto pulsante no nosso mundo recente. E também a questão da terra. Todos os personagens do filme estão procurando um lugar para chamar de seu.

Como avalia o contexto atual da migração?

Em uma trágica coincidência, tudo que aconteceu no filme, no final dos anos 40, está acontecendo agora. Os atores libaneses estão tendo que sair do Líbano por causa das bombas. Quando vieram gravar, eles disseram que foram muito bem recebidos no Brasil. A gente tem uma hospitalidade muito grande, só me preocupo se vai perder isso, porque a cada dia se fomenta mais o ódio.

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Qual é a mensagem do filme?

A cena com o Omar, muçulmano, a Emilie, católica, e o ritual indígena sintetiza uma arena da possibilidade da convivência pacífica de religiões, um desejo de utopia. A gente pode viver em harmonia com o outro.

Publicado em VEJA São Paulo de 22 de novembro de 2024, edição nº 2920

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