Cinebiografia de Bruce Springsteen mostra traumas e depressão do ídolo
‘Springsteen: Salve-Me do Desconhecido’ tem Jeremy Allen White em interpretação sensível e entrega total
É raro ver uma cinebiografia musical diferente da típica narrativa de superação do artista. Um Completo Desconhecido (2024), sobre Bob Dylan, tentou, mas acabou caindo na fórmula de sempre. Entra em cartaz agora a história de um outro “desconhecido”, que se mostra um pouco mais preocupada em flexionar o modelo habitual do gênero.
Springsteen: Salve-Me do Desconhecido retrata um momento específico na vida de uma das principais vozes do rock americano, Bruce Springsteen. O músico de 76 anos é interpretado com sensibilidade e entrega total por Jeremy Allen White, responsável por dar conta do arco narrativo.
O filme de Scott Cooper dedica atenção à depressão do astro e os traumas de família, mais especificamente da violência do pai. O quadro psicológico e emocional do cantor leva-o à composição de Nebraska (1982), seu sexto álbum de estúdio, considerado um dos mais pessoais e reflexivos.
Ele vive um embate para ter decisões respeitadas no processo criativo, com a ajuda do empresário Jon (Jeremy Strong) nas negociações com a gravadora.
Esse é um dos poucos momentos que lembra a fórmula tradicional do gênero, mas ainda assim é objetivo e parte de um pressuposto de respeito ao cantor.
O recorte feito pela direção mostra como todos somos humanos e, mesmo ao falhar com a ficante Faye (Odessa Young), Springsteen ganha a empatia do público, uma vez que ficam evidentes, na atuação de Allen White, as dificuldades pelas quais ele passa. Mesmo melancólico e até sombrio, o filme traz vigor ao gênero e deixa uma mensagem realista e otimista ao final.
NOTA: ★★★☆☆
Publicado em VEJA São Paulo de 07 de novembro de 2025, edição nº 2969.
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