‘Conclave’ investiga escândalos no Vaticano em jogo de xadrez detalhista
Segredos e conspirações cercam eleição do papa em suspense arrepiante de Edward Berger, um dos favoritos ao Oscar

Em uma temporada sem vencedores anunciados, diversos filmes despontam como favoritos. Um deles é Conclave, do suíço Edward Berger, líder de indicações no Critics’ Choice Awards — junto de Wicked. O longa, baseado no livro de Robert Harris, tem atributos especialmente chamativos, a começar pelo tema.
Com a morte do Sumo Pontífice, o Vaticano precisa eleger um novo papa. Quem é obrigado a conduzir a votação é o Cardeal Lawrence (Ralph Fiennes). O que ele não esperava era a sucessão de segredos e conspirações dos principais candidatos.
O cineasta usa a expertise obtida em Nada de Novo no Front (2019), vencedor de quatro estatuetas do Oscar em 2023 (uma delas de melhor filme internacional), para criar um verdadeiro campo de guerra. Berger cria tensão por meio de direção e fotografia. Simetria, closes detalhistas e enquadramentos simbólicos.
Não se trata apenas da escolha de um novo papa. É, sim, uma guerra de ideais, honra, coragem, caráter e fé, que impacta o planeta direta ou indiretamente. Cada personagem é uma peça fundamental neste jogo de xadrez. Nenhum elemento é inserido à toa.
As cordas encorpadas nos instrumentos da trilha intensificam-se em sintonia com os conflitos. Nada prepara o espectador para as proporções que o filme, surpreendente e arrebatador, toma.
NOTA: ★★★★☆
Publicado em VEJA São Paulo de 24 de janeiro de 2025, edição nº 2928