O roteiro de Francis Ford Coppola em passagem por SP
O cineasta veio à capital paulista divulgar seu novo filme, ‘Megalópolis’, e esteve na Mostra SP e em bons restaurantes

A vinda de Francis Ford Coppola a São Paulo chacoalhou a cidade. Diretor de obras como O Poderoso Chefão e Apocalypse Now, o cineasta americano de 85 anos veio à capital paulista divulgar seu novo filme, Megalópolis, um projeto pessoal ousado, e mobilizou milhares de cinéfilos. Para além da agenda profissional, seu roteiro de viagem teve paradas em bons restaurantes, como o D.O.M e o Nonno Ruggero, do Fasano (leia mais aqui).
Tudo começou em agosto, quando a O2 Play adquiriu os direitos de distribuição do filme no Brasil. “Desde então, começamos a sondar”, conta Igor Kupstas Janczukowicz, diretor da empresa. Segundo o executivo, a conversa com a equipe de Coppola foi “sempre muito boa”.
Para tirar a ideia do papel, em um período de dois meses desde a confirmação, a distribuidora fechou parceria com C6 Bank, JHSF, Spcine e Ingresso.com. “Entendemos que é uma figura emblemática, de um cinema em que acreditamos muito, o cinema de criação”, diz Lyara Oliveira, presidente da Spcine.
Coppola chegou no dia 27 (domingo) à noite e foi descansar no Fasano, onde se hospedou. Na segunda (28), realizou uma masterclass no Teatro B32. Na manhã de terça (29), foi à sede da O2 para gravar o programa Conversa com Bial, da TV Globo, e, à noite, esteve presente na première de Megalópolis.
Por fim, recebeu na noite de quarta (30) o Prêmio Leon Cakoff na cerimônia de encerramento da 48ª Mostra SP. “Foram momentos de conexão, sintonia e sorrisos com a lenda do cinema”, conta Renata de Almeida, diretora do evento. “Ele trabalhou muito, superdedicado, foi incrível”, acrescenta Kupstas.
Outro denominador que facilitou o processo foi o controle do cineasta sobre o novo projeto. Além de diretor e roteirista, ele é produtor e investidor de Megalópolis. Tirou 140 milhões de dólares do próprio bolso e demorou mais de quarenta anos para concretizar o grande sonho. É um manifesto contra a indústria e o sistema capitalista.
O assunto foi um dos temas centrais de suas falas. Na masterclass, declarou: “Riscos fazem parte da arte. É preciso dar um salto em direção ao desconhecido. Deixe que os executivos se importem com o risco”. Coppola disse que uma das partes de que mais gosta no Brasil é “a alegria”.
“É um homem generoso, que adora pessoas e arte. Ele claramente quer trocar e ter uma conexão com todos”, descreve Kupstas.
Publicado em VEJA São Paulo de 8 de novembro de 2024, edição nº 2918