Diretor Chris Sanders define ‘Robô Selvagem’ como ‘nova fronteira visual’
Nova animação da DreamWorks tem estilo impressionista, com cenas pintadas à mão, em vez de fotorrealismo da computação gráfica; leia a entrevista exclusiva
Dirigida por Chris Sanders (Como Treinar Seu Dragão e Lilo & Stitch), a nova animação da DreamWorks, Robô Selvagem, em cartaz nos cinemas, conta a história de Roz (dublada em inglês por Lupita Nyong’o), uma robô que se perde e vai parar em uma ilha com animais selvagens.
A protagonista faz amizade com os bichos e adota um “filho”, o ganso Bico-vivo (Kit Connor). Com ele, acaba aprendendo sobre o comportamento animal e a sobrevivência na natureza.
Além da majestosa mensagem e execução, a animação apresenta visuais fascinantes, em uma espécie de realismo impressionista, resultado de um longo trabalho artesanal. A proposta era ter cenas pintadas à mão, sem o fotorrealismo da computação gráfica.
Sanders também fez questão de ter animais não antropomorfizados, ou seja, sem traços humanos. Leia a seguir a entrevista com o diretor.
Como surgiu a ideia do filme?
Três anos atrás, eu tinha acabado de terminar um projeto e visitei o departamento de desenvolvimento da DreamWorks. Descobri que eles tinham comprado os direitos do livro. Me mostraram e fiquei fascinado. Depois, mostrei para minha filha pequena e ela disse: “Ah, sim, eu li esse livro há alguns anos”. Foi então que lembrei que já o tinha visto antes.
Sua filha teve alguma influência no processo de criação?
Quando encontrava alguém que tivesse lido, perguntava o que mais marcou. Cada um mencionava trechos diferentes. Isso me ajudou como roteirista a encontrar os momentos certos para colocar na tela. Com a minha filha, falamos muito sobre Roz como personagem. Esta é uma história sobre um robô que tem toda essa tecnologia incrível, mas a maior parte dela não ajuda a criar um ganso. Acho que todos os pais de primeira viagem vão se identificar com isso.
Como foi o processo de elaboração do estilo e abordagem?
O estúdio escolheu o livro porque era diferente de tudo que fizeram antes. Foi uma reunião dos artistas certos, na hora certa, no lugar certo. Artisticamente falando, saltamos muito além dos perímetros aos quais estávamos acostumados.
Por que optou por esse estilo de visual?
Há uma pureza nessas criaturas e nessa animação. Os animais estão sendo eles mesmos. O truque com este filme era preservar o mundo e reservar o ritmo em que o livro se desenrola, para que não seja apressado. Isso está interligado ao visual sofisticado, trabalhamos duro para obter equilíbrio e permitir que cada cena tenha espaço para respirar e se desenvolver.
Qual é a mensagem que ele passa?
Antes de tudo, quero que as pessoas possam sentir. É mais poderoso do que você imagina. Todos nós tivemos que crescer e passar por mudanças. É isso que Roz está experimentando.
O que representa em sua carreira?
O ápice de tudo que aprendi até aqui. Eu coloquei em prática todos os meus aprendizados. É um retorno às origens, ao que nós, como artistas, amamos nas animações clássicas. Mas é também um passo à frente. Este filme representa uma nova fronteira em relação aos visuais, algo nunca visto antes.
Publicado em VEJA São Paulo de 11 de outubro de 2024, edição nº 2914