“IA pode ser usada para o bem e para o mal”, afirma diretor Drew Hancock
Diretor e roteirista de ‘Acompanhante Perfeita’ comenta sobre perigos da tecnologia e referências do novo filme em cartaz

Acompanhante Perfeita, do diretor e roteirista Drew Hancock, é o tipo de filme que fica melhor quanto menos informações você tiver ao entrar na sala de cinema.
Por isso, aqui vai uma breve sinopse: o casal Iris (Sophie Thatcher) e Josh (Jack Quaid) viaja com alguns amigos para passar o fim de semana em uma casa de campo luxuosa e tudo corre bem, até que o passeio toma um rumo inesperado quando revelações vêm à tona.
O longa tem como produtores os criadores de Noites Brutais (2022) e traz interlocuções interessantes com O Exterminador do Futuro (1984), Garota Infernal (2009) e Ex_Machina (2014) — ao apresentar uma “diva” assassina e super-humana como protagonista.
Confira a seguir a entrevista do diretor Drew Hancock para a Vejinha.
Como surgiu a ideia do filme?
Escrevo filmes que gostaria de assistir. Queria mostrar que posso escrever algo diferente [além das suas comédias]. Sempre fui fã do gênero. Inicialmente, pensei em Iris como vilã. Mas conforme fui escrevendo, percebi que me identificava mais com ela do que com os outros e que o personagem mais empático não é humano. Foi quando eu me apaixonei pelo roteiro.

Você teve inspirações?
Eu li o roteiro de Noites Brutais, antes mesmo deles serem produtores deste filme, e foi a maior inspiração. E, claro, sou fã de ficções científicas como Ex_Machina (2014) e Looper (2012). Também tem uma ligação curiosa com A Garota Ideal (2007).
Como acha que o filme aborda tecnologia?
Acredito que a inteligência artificial é uma ferramenta. Pode ser usada para o bem e para o mal. Nesta história, são humanos manipulando a IA para o seu interesse. Não é como se eu fosse totalmente a favor. Eu sei os perigos da tecnologia, assim como todo mundo. Mas você se identifica com a Iris por ela estar sendo manipulada.
Acha que homens e mulheres vão se identificar com o filme de maneiras diferentes?
Eu espero que sim. Nós mostramos o filme em grupos focais de teste e notamos que até mesmo as pessoas que não gostaram gostavam de conversar sobre o assunto. Isso é tudo que me importa. Se tornar um assunto de conversa, fora do fator de entretenimento. Mesmo quem tenha saído dizendo que não gostou do filme porque não conseguiu se identificar com a Iris, é um ponto de vista totalmente válido, vamos falar sobre isso.
Publicado em VEJA São Paulo de 7 de fevereiro de 2025, edição nº 2930