‘Flow’ transita entre realidade e sonho com história fascinante sem falas

A animação Flow é um caso peculiar. A produção da Letônia, dirigida por Gints Zilbalodis, virou um acontecimento no país. Após ganhar o Globo de Ouro, é a favorita ao Oscar, em competição com Disney, Pixar e DreamWorks, sendo o primeiro filme do país a ser indicado aos prêmios.

O que é ainda mais curioso: não há falas — exceto por alguns “miaus” e “auaus” — no longa sobre um gato que sobe a bordo de um barco junto de outros animais quando o mundo começa a inundar. Apesar do motivo nunca ser explicado, pode-se entender que se trata de um apocalipse em decorrência de mudanças climáticas.

O grupo passa por provações, que levantam questões de coletividade, igualdade nas diferenças, amizade, compaixão e mais. É uma sequência surreal e muito envolvente, que pega o espectador de surpresa. Os seres humanos não aparecem, mas vestígios da presença podem ser percebidos.

Com movimentos de câmera ágeis e uma estética que lembra um videogame, Zilbalodis é o condutor de uma verdadeira odisseia. A direção soube dosar na medida certa que fatos apresentar na narrativa, para criar um equilíbrio entre realidade e sonho e um espaço propício para explorar a imaginação. Merece todo o prestígio.

NOTA: ★★★★☆

Publicado em VEJA São Paulo de 21 de fevereiro de 2025, edição nº 2932

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