‘O Brutalista’ reverencia arquitetura moderna em saga épica deslumbrante
Filme de Brady Corbet, com 3 horas e 36 minutos e um intervalo de 15 minutos, tem fortes candidatos ao Oscar

A duração de O Brutalista é a primeira coisa que chama a atenção ao entrar na sessão: 3 horas e 36 minutos, incluindo um intervalo de 15 minutos. Mas há uma série de qualidades espetaculares no filme de Brady Corbet, que acompanha a saga de László Tóth (Adrien Brody, brilhante no papel), um arquiteto húngaro moderno, em busca de uma nova vida nos Estados Unidos.
Ele migra para fugir da guerra na Europa e tenta se inserir com a ajuda do primo, Attila (Alessandro Nivola), e de ideias revolucionárias. Adepto do brutalismo, sugere propostas que geram um estranhamento ao olhar vigente. Rapidamente, passa a ser apreciado por sua genialidade e é convidado por Harrison Lee Van Buren (Guy Pearce), um ricaço do ramo industrial, bem conceituado, a realizar um grande e desafiador projeto.
Com a ajuda de contatos do contratante, consegue trazer a esposa, Erzsébet (Felicity Jones), e a sobrinha, Zsófia (Raffey Cassidy). Surgem questões de sexualidade, ego, controle e poder. Corbet filma com muita consciência espacial e de elementos em cena.

A fotografia acompanha com enquadramentos deslumbrantes, em partes pelo uso do sistema VistaVision, no qual o negativo roda na horizontal e a qualidade da imagem se potencializa.
Dos três atos, o primeiro é o mais cativante — e o melhor —, enquanto o segundo nos coloca diante de uma realidade dura e nebulosa.
Fortes candidatos ao Oscar de melhor direção, fotografia e ator.
NOTA: ★★★★☆
Publicado em VEJA São Paulo de 21 de fevereiro de 2025, edição nº 2932