Premiado em Cannes, ‘Sirât’ dói como um soco no estômago
Representante da Espanha na corrida por indicação ao Oscar cria atmosfera apocalíptica e reflete sobre o ‘fim do mundo’
“Faz muito tempo que é o fim do mundo”. Essa fala ecoa em Sirât. O longa de Oliver Laxe, vencedor do prêmio do júri em Cannes e escolhido para representar a Espanha no Oscar 2026, chega a ser cruel. Quase como um soco no estômago, dói e nos deixa angustiados.
No Islã, Sirât é a ponte que liga o céu ao inferno, mais fina do que um fio de cabelo, por onde todos passam após a morte. Somos transportados a um mundo apocalíptico: uma rave no meio das montanhas áridas do deserto do Marrocos.
Entre jovens dançando anestesiados e batidas lancinantes de música eletrônica, pai e filho, Luis (Sergi López) e Esteban (Bruno Núñez), procuram a filha e irmã desaparecida. Conhecem um grupo de cinco amigos que revelam que há uma outra festa por perto, onde talvez ela esteja. Quando a rave é interrompida, eles partem rumo à outra e, na estrada, formam uma família inesperada.
Enquanto nos afeiçoamos pelos personagens, descobrimos que, fora desse microcosmo, acontece uma Terceira Guerra Mundial, que torna o caminho mais difícil.
É impossível não se envolver. Você se sente parte da família até que o filme tira tudo de você.
Roteiro e performances são excelentes, mas o destaque é o desenho de som, que torna esta experiência maravilhosa e avassaladora.
Estreia em 16 de janeiro.
NOTA: ★★★★☆
Publicado em VEJA São Paulo de 31 de outubro de 2025, edição nº 2968





