Um estande de vendas de 12 milhões de reais
A entrada do estande (Foto Reprodução/Tecnisa) Difícil que até agora você não tenha deparado com ao menos um anúncio do Jardim das Perdizes, um enorme empreendimento que está sendo construído pela Tecnisa na Barra Funda, entre a avenida Marques de São Vicente e a Rua Nicolas Boer (que desemboca na Avenida Pompeia). A área total […]
- A entrada do estande (Foto Reprodução/Tecnisa)
Difícil que até agora você não tenha deparado com ao menos um anúncio do Jardim das Perdizes, um enorme empreendimento que está sendo construído pela Tecnisa na Barra Funda, entre a avenida Marques de São Vicente e a Rua Nicolas Boer (que desemboca na Avenida Pompeia).
A área total tem 250 000 metros quadrados, ou seja, cerca de 25 quarteirões. Em 2004, a então prefeita Marta Suplicy (PT) pensava em transformar esta área e algumas outras áreas vizinhas em um bairro. Foi criado então um concurso chamado Bairro Novo, em que diversos arquitetos apresentaram seus planos de urbanização. Venceu a equipe liderada pelo arquiteto Euclides Oliveira (infelizmente falecido em 2010). O projeto vencedor nunca saiu do papel (leia mais aqui). Boa parte da área era formada por um enorme terreno da Telefônica, que foi a leilão em 2006 e acabou arrematada pela Tecnisa.
Agora este mesmo local será ocupado por 28 edifícios (sim, 28!) e um parque central. E claro que, pelas gigantescas proporções, o negócio continuou sendo chamado de “um novo bairro”. Estive lá na semana passada para ver de perto do que se trata e fiquei surpresa com a dimensão da coisa. Serão 25 torres residenciais, um hotel, um shopping (strip mall) e duas torres corporativas. Dá para passar boa parte do tempo sem sair dali de dentro, trabalhando, morando e consumindo no mesmo pedaço (e a pé). O lançamento é apresentado como mais um da árvore genealógica dos condomínios clube, à qual pertencem o Ilhas do Sul (1973), Chácara Alto da Boa Vista (1997), Villaggio Panamby (1998 a 2003), Praça Villa-Lobos (2004 2007), Central Park Mooca (2006) e Colina de São Francisco (1994 a 2007). Para a diretora de projetos da Tecnisa Patrícia Valadares, trata-se de mais uma situação em que o mercado imobiliário “cria” uma região, desenvolvendo-a como ocorreu com a Chácara Klabin, a Vila Leopoldina e a Vila Olímpia.
Para fazer jus à grandiosidade do empreendimento, nada melhor do que um mirabolante estande de vendas que foram gastos cerca de 12 milhões de reais. Trata-se de uma estrutura metálica toda branca projetada pelo escritório franco-brasileiro Triptyque, conhecido pelo estilo arrojado. A expografia é do Campo. O conjunto inclui cinema, onde é exibido um filme do empreendimento, exposição sobre a história da Barra Funda (afinal, embora tenha Perdizes no nome, a localização é Barra Funda) e um enorme terraço com vista para o terreno, além de maquetes dos prédios e uma reprodução do empreendimento com luzes que se acendem. “Em breve teremos tours em carrinhos de golfe por toda a área”, diz o maestro do estande, o executivo comercial da Tecnisa Douglas Duarte. Nos bastidores, trabalham centenas de corretores, que têm à disposição salas com computadores, refeitório e até mesas de pebolim e sinuca para relaxar. Além da concepção desse mega espaço de vendas, Duarte acompanha de perto a criação dos apartamentos decorados, que ocupam um longo corredor cheio de portas, cada uma delas dando para um cenário em uma das metragens disponíveis, quase um Projac do mercado imobiliário.
No projeto Bairro Novo de Euclides Oliveira, os prédios seriam baixos e retangulares, com pátios internos privativos e praças externas de uso público (lembrando um pouco as edificações parisienses). Mas o projeto dos edifícios do Jardim das Perdizes se manteve o mais tradicional possível, bem mais cauteloso do que a proposta arquitetônica do estante de vendas assinada pelo Tryptique. As torres residenciais obedecem ao replicadíssimo formato de H, projetadas por Itamar Berezin. Os dois prédios corporativos foram desenhados pelo escritório Aflalo & Gasperini Arquitetos.
De todo esse complexo, a primeira coisa que a Tecnisa fez foi escavar todos os buracos necessários para as futuras fundações. Essa terra (que poderia encher 700 caminhões) foi utilizada na criação do parque central, que já está pronto, gramado, cheio de mudas de árvores, com portões e trilhas. A manobra de concentrar as escavações evitou que o local se tornasse odiado por quem frequenta a região, pelo barulho e trânsito que o entra e sai de caminhões geraria. A criação do parque antes da construção dos prédios ajudou não apenas a encontrar um meio de aproveitar a terra retirada, mas de criar um atrativo forte para potenciais compradores. Afinal, é muito diferente ter diante dos olhos o parque que um dia poderá ser visto da sacada do seu apartamento. Cada edifício terá entrada independente e complexo de lazer compartilhado entre, em média, três torres. Entre o parque e eles, muita grade . Essa ideia já mostra a maneira tradicional de encarar o empreendimento, mantendo bem separado o que é público do que é privado (a área pública é obrigatória, de acordo com as regras da operação urbana em que a área está inserida).
Os lançamentos estão sendo feitos em etapas e as vendas vão de vento em popa. Dois conjuntos de três torres cada saíram até agora e outros dois estão em aprovação. O preço do metro quadrado fica entre 8 000 reais e 9 000 reais para metragens de 80 metros quadrados a 283 metros quadrados. O rendimento esperado é de 4 bilhões de reais em vendas. Além da Tecnisa, PDG e BVEP, ligada ao Banco Votorantim, também têm participação.