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Cris Botarelli, do Far From Alaska, comenta a participação da banda potiguar no Lollapalooza 2015

Vem de Natal, no Rio Grande do Norte, uma das bandas de rock mais interessantes a surgir recentemente no país. Formado por Emmily Barreto (voz), Cris Botarelli (synth, lap steel e voz), Edu Filgueira (baixo), Rafael Brasil (guitarra) e Lauro Kirsch (bateria), o grupo reúne diversas qualidades que os diferenciam de seus colegas de geração. […]

Por Luan Freires
Atualizado em 26 fev 2017, 18h47 - Publicado em 30 jan 2015, 18h30
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Vem de Natal, no Rio Grande do Norte, uma das bandas de rock mais interessantes a surgir recentemente no país. Formado por Emmily Barreto (voz), Cris Botarelli (synth, lap steel e voz), Edu Filgueira (baixo), Rafael Brasil (guitarra) e Lauro Kirsch (bateria), o grupo reúne diversas qualidades que os diferenciam de seus colegas de geração.

+ “Não gosto de ir a festivais”, diz a americana St. Vincent, uma das atrações do festival Lollapalooza 2015

A vocalista é dona de um timbre agudo e rasgado que é o ideal para o som que a banda se propõe a tocar, um stoner rock de primeira linha, e há virtuosismo, mas nada daquelas demonstrações enfadonhas de destreza nos instrumentos. As vantagens resultam em uma sonoridade que se mostrou capaz de agradar desde aos fãs de rock alternativo até os mais conservadores headbangers.

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Em maio, o conjunto lançou a estreia modeHuman, trabalho que esteve presente em qualquer lista séria de melhores discos do ano passado. Agora, os cinco se preparam para tocar na quarta edição brasileira do Lollapalooza com a digna missão de representar o que há de novo no rock do país. Conversamos com Cris Botarelli, integrante e porta-voz do grupo, sobre a mudança para São Paulo, as letras em inglês e a escassez de bandas brasileiras que são escaladas para tocar nos grandes festivais.

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Quais são as principais dificuldades de uma banda do Rio Grande do Norte viver de rock hoje no Brasil?

O Brasil é gigante. As passagens do Nordeste pra cá são caríssimas. É melhor ir para a Europa. Sério. É o mesmo preço. Temos muitas propostas de show, mas o fato de serem cinco passagens saindo de Natal dificulta muito. A negociação fica ruim pra gente por causa disso. Estamos de mudança para São Paulo. Três de nós já vieram e dois continuam lá, mas virão em breve.

Como estão se adaptando?

Eu sou daqui, mas fui embora muito pequena. Está sendo legal, a gente adora São Paulo. É estranho só em janeiro, quando a maioria das pessoas está na praia. Em Natal acontece o inverso. Aqui as pessoas também são mais sérias, lá é tudo mais familiar. Acho que é o clima, por ser perto do mar (risos).

A influência mais clara do Far From Alaska é o stoner rock, tem muito de Queens of The Stone Age no som de vocês…

Não sei, você acha? É engraçado que cada pessoa vê uma “clara influência” de algo diferente. Isso a gente acha fantástico. Nosso plano de vida é continuar sendo assim.

Em outras entrevistas vocês já disseram que escutam coisas bem distantes, como Lady Gaga, Lana Del Rey, Jennifer Lopez e Charlie Brown Jr. Como funciona na hora de compor e achar alguma linha que faça sentido?

A maior parte é brincadeira. Por exemplo, Charlie Brown Jr. é uma coisa que os meninos ouviram muito na adolescência. Eles citam a banda para ilustrar que tudo o que você já ouviu na vida ou viveu musicalmente influencia na hora de compor. Tem alguns vocais no disco que eu acho que parecem com Lana Del Rey. Não ligamos para essas amarras.

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Qual show você está mais ansiosa para assistir no Lollapalooza?

Em primeiro lugar, o do Jack White. É um cara que a gente gosta muito. É uma das únicas unanimidades entre a banda. Tudo dele nós curtimos muito e esse último disco dele está fantástico [Lazaretto, de 2014]. Particularmente, quero ver Marina and The Diamonds e St. Vincent, que eu conheci há pouco tempo e gostei.

Vocês fazem parte do pequeno grupo de bandas brasileiras que está no line-up do Lollapalooza deste ano. Por que é cada vez mais difícil ver grupos daqui tocando nos grandes festivais?

Olha, eu não sei. Acho que está melhorando, na verdade. O Lollapalooza tem essa tradição de colocar o que está acontecendo no mundo naquele ano e abre um pequeno espaço para as bandas do lugar. Às vezes rola certo preconceito. Aquele velho complexo de vira-lata, sabe? Eu não sei, sinceramente. A gente está entrando nesse mundo agora. Sempre tocamos nos festivais independentes. Podia ter banda de fora, mas sempre em igualdade com as coisas do Brasil. Em Natal, o Festival do Sol sempre traz bandas alternativas de fora, mas os headliners são a galera da cidade, que tem mais público. Isso é em Natal. Eu sei que no resto do Brasil é diferente.

Em agosto do ano passado, a Pitty disse que as três cantoras brasileira favoritas dela são Elis Regina, Rita Lee e a Emmily Barreto. A Pitty e a Emmily, inclusive, cantaram juntas em dezembro. Ela disse que tem curiosidade de ver vocês cantando em português. Isso está nos planos da banda?

Quanto mais a gente fala com as pessoas de fora, mais a gente percebe como Natal é uma cidade sui generis. Lá isso não é uma questão. Nunca foi. Muitas das bandas mais legais de lá cantam em inglês. A gente nunca parou para refletir sobre isso. Fazemos assim porque nos sentimos mais seguros dessa forma. Escutamos mais coisas de fora. Não temos planos de dominação mundial ou fazer sucesso fora daqui. Se rolar, ótimo, mas não estávamos pensando nisso quando começamos a compor em inglês.

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