Com palco high-tech e três horas de show, ‘Amigos’ lotam estádio
Turnê com Chitãozinho & Xororó, Zezé di Camargo & Luciano e Leonardo já tem data para voltar à capital paulista
Já se passaram vinte anos da última vez que Chitãozinho & Xororó, Zezé di Camargo & Luciano e Leonardo apresentaram-se juntos em seu especial Amigos, televisionado pela Rede Globo. Durante este período, os fãs precisaram se contentar com reencontros parciais que Chitãozinho e Xororó promoviam em seus DVDs, em raras ocasiões, mas nada comparado à reunião completa que rolou neste sábado (7), no Allianz Parque.
Com ingressos esgotados, o quinteto subiu ao palco com um ligeiro atraso (que não chegou a dez minutos). A canção de abertura, Disparada, a mesma usada para abrir o especial de 1995, foi uma das poucas menções ao programa televisivo comandado pelo grupo.
A partir dai, os sertanejos enfileiraram uma seleção de hits acompanhados com grande animação pela plateia. Para não deixar nada de fora, “medleys” uniram em uma tacada só hinos a exemplo de Sinônimos, Pense em mim e É o Amor. Outra boa tradição mantida do programa original eram as colaborações entre as duplas e Leonardo. Páginas de Amigos, Não Aprendi a Dizer Adeus, Você Vai Ver ganharam ares de novidade nesse esquema. Também apareceu na apresentação o maestro João Carlos Martins, para uma bonita versão de Fio de Cabelo.
Talvez pela preocupação com a qualidade técnica da apresentação (que será exibida na Rede Globo no dia 18 de dezembro) ou pelo setlist longo (foram quase quarenta canções) o time mal conversou com o público. Salvo alguns momentos, a conversa ali era mais dedicada aos colegas de palco. Ganhou um destaque especial a faixa Alô que Zezé di Camargo revelou ter sentido uma “inveja branca” de Chitãozinho & Xororó ao ouvi-la pela primeira vez. A vontade de gravar foi tanta que os donos do hit Evidências convidaram os filhos de Francisco para apresentá-la em um DVD.
Por falar em Evidências, a canção foi (como era de se esperar) um dos pontos altos da noite. Mas não brilhou solo. Sucessos como Pão de Mel, Brincar de Ser Feliz e Temporal de Amor foram cantadas com a mesma efusividade pela plateia nostálgica. Não Olhe Assim, Galopeira, Pra Não Pensar em Você, Um Sonhador, Brincar de Ser Feliz e Toma Juízo também tiveram seus momentos de glória na plateia afiada que mostrou conhecer a história do quinteto.
Os únicos a aventurar-se em faixas mais recentes foram Zezé e Luciano que tocaram músicas como Sonho de Amor e Flores Em Vida, que passaram a fazer parte do repertório da dupla já nesta década. Os mais fervorosos, no entanto, podem ter se ressentido com a troca que poderia ter dado lugar a outros sucessos que ficaram de fora, caso de Dou a Vida por um Beijo, Coração Está em Pedaços e Pior é te Perder, mais alinhadas ao tom nostálgico da apresentação.
Para além da maratona de canções, os cinco sertanejos (vestindo ternos pretos e camisa branca) corriam em um grandioso palco de contornos hi-tech. Chuva de papel picado, fogos de artifício, dançarinos e plataformas com elevação eletrônica deram uma cara “pop” ao cancioneiro do sertão. A apresentação não usou as músicas para lá de famosas como muleta para encantar os fãs que já sabiam o que iriam ouvir. Houve um esforço em ensaio e tecnologia para que o evento ganhasse ares de espetáculo inédito. Funcionou.
Com exceção de Chitãozinho e Xororó, os outros demonstraram certa dificuldade em conseguir atingir as mesmas notas que eram capazes em 1990. Pareceu faltar fôlego em alguns momentos, mas novos arranjos e trocas de bastão com a plateia resolveram a questão sem comprometer o show.
A emoção ficou por conta da canção Mano, uma homenagem a Leandro, irmão e parceiro de estrada de Leonardo, morto em 1998, em decorrência de um câncer. No momento em que a música foi tocada, imagens do cantor apareceram em um telão e foram muito aplaudidas. O pai de Zé Felipe não ficou desamparado: a segunda voz das canções foi assumida ora por Chitãzinho, ora por Luciano. Em alguns casos, ele subiu sozinho ao palco. Brincalhão, levantou a turma com Cumade e Cumpadi.
Ainda houve espaço para lançar uma música assinada pelo quinteto: chama-se Única e foi apresentada pela segunda vez em São Paulo. Veja o videoclipe:
A apresentação ainda deve passar pela capital paulista, e o mesmo Allianz Parque em 2020. Já tem data definida: 8 de agosto de 2020. Leonardo disse que seria o encerramento da turnê, Zezé discordou e corrigiu afirmando ser um retorno à cidade. Se depender da animação de quem assistia e da qualidade da apresentação, haverá quórum para outros tantos reencontros do tipo.