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“Camille e Rodin”, os gênios de carne e osso

Uma série de fatores desperta interesse em torna da temporada do drama “Camille e Rodin”. O primeiro deles – e mais importante para a cidade – é a integração do pouco ativo Grande Auditório do Masp ao circuito teatral, com preços acessíveis e uma infraestrutura atraente ao público. Mas o determinante para a escolha de […]

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 10 set 2024, 17h04 - Publicado em 7 jul 2012, 10h10
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Leopoldo Pacheco e Melissa Vettore interpretam Auguste Rodin e Camille Claudel (Foto: Alexandre Catan)

Uma série de fatores desperta interesse em torna da temporada do drama “Camille e Rodin”. O primeiro deles – e mais importante para a cidade – é a integração do pouco ativo Grande Auditório do Masp ao circuito teatral, com preços acessíveis e uma infraestrutura atraente ao público. Mas o determinante para a escolha de uma peça normalmente não é o local e o preço do ingresso e sim o desejo de ver um bom espetáculo, que lhe preencha o tempo e transmita alguma emoção. Por isso, a história de amor dos dois escultores franceses apresenta-se como uma opção capaz de aliar esses fatores ao entretenimento de qualidade e à profundidade artística.

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Criado pelo dramaturgo paulistano Franz Keppler, o texto inédito traz à tona o relacionamento de quinze anos entre o escultor Auguste Rodin (1840-1917) e sua discípula Camille Claudel (1864-1943). Recém-chegada a Paris, a jovem Camille (interpretada por Melissa Vettore) torna-se amante de Rodin (papel de Leopoldo Pacheco). A intuição dela e o apuro técnico dele criam um embate artístico e pessoal, marcado pelo vácuo geracional, pela competitividade e principalmente pelas diferenças na visão do amor.

Entre os acertos de Keppler e do diretor Elias Andreato está a humanização dos dois personagens, a ponto de os nomes famosos tornarem-se uma mera identificação. Ali surgem um homem e uma mulher em conflito por causa de suas divergências acentuadas pela incapacidade de um se posicionar no lugar do outro. Para isso, o jogo interpretativo estabelecido entre Leopoldo Pacheco e Melissa Vettore tona-se a base da encenação de Elias Andreato, simples à primeira vista, justamente por calcar-se em detalhes mínimos, reafirmado na cenografia e na iluminação. Os saltos e retrocessos no tempo são muito bem compreendidos pelo público sem a necessidade de didatismo. Enquanto Pacheco apoia-se nas palavras e na introspecção, Melissa exterioriza sua Camille através de olhares e gestos, elevando a tensão de acordo com a progressão dos conflitos da personagem. Nessa sintonia de interpretações, o público dispensa a referência intelectual da dupla famosa para buscar a identificação na psicologia daquelas criaturas.

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