Benzina, na Vila Madalena, encerra as atividades
A casa do grupo Bullguer tinha clima badalado, boa coquetelaria e venceu um prêmio COMER & BEBER
Um dos bons bares da Vila Madalena, o Benzina funciona só até esta sexta (28). Uma pena. A casa da Rua Girassol, 396, conseguia unir como poucas badalação a boa coquetelaria e chegou a vencer o prêmio de melhores drinques bons e baratos pelo guia VEJA SÃO PAULO COMER & BEBER em 2018.
Desde o início de fevereiro, já corria no mercado a informação de que o bar interromperia as atividades. Conversei na semana passada com o sócio Ricardo Santini, que confirmou o fechamento, mas não forneceu a data exata. O bar anunciou o encerramento via comunicado.
O imóvel na esquina das ruas Wisard e Girassol deve se tornar uma unidade de uma rede de drogarias. Naquele pedaço menos badalado da Vila Madalena, outros endereços de sucesso fecharam as portas nos últimos anos, como o restaurante Açougue Central, que tinha entre os sócios o chef Alex Atala, e o bar Genial, cujo ponto não é ocupado há cerca de dois anos.
O Benzina foi montado em novembro de 2017 em um salão grande, para 150 pessoas (leia a reportagem que escrevi à época da abertura). O movimento estava ótimo às sextas e aos sábados, mas ficava bem tranquilo no começo da semana. Com investimento de 1,2 milhões de reais, o bar é um projeto dos sócios da rede de lanchonetes Bullguer, atualmente com 25 unidades no país. “Estamos focados na expansão do Bullguer, temos 18 lojas para abrir esse ano”, garante Santini.
O bartender Gabriel Santana, que fez um ótimo trabalho no bar após morar nove anos no exterior, sobretudo em Genebra (Suíça), segue a vida fora do grupo. “Estou fazendo consultorias e com novo projeto em mente”, afirma. Segundo os sócios, o bar pode retornar em um ponto no Largo da Batata, mas nenhuma data foi divulgada. A operação, no entanto, deve ser bem menor que a atual.
Confira, abaixo, a minha crítica sobre a abertura do Benzina, publicada na Vejinha em fevereiro de 2018:
Drinques com agito
O Benzina é um bom lugar para tomar coquetéis. Mas não contemplativamente, comportadinho. Aberto em novembro pela turma da rede Bullguer, esse bar é fervido, embalado por indie rock, e, além de mesas e bancadas, conta com uma espécie de arquibancada para os que preferem se acomodar de maneira mais descontraída. A equipe que trabalha nos balcões — um deles muda de cor quando se repousa nele o copo — é dirigida pelo bartender Gabriel Santana. Após nove anos em Genebra, com rápida passagem por Nova Orleans, o paulistano, que representou a Suíça na final do badaladíssimo concurso World Class 2017, voltou à cidade. Sua carta tem bom preço e todos os drinques provados se mostraram equilibrados, mesmo quando produzidos em série. Uma escolha acertada é o velho fashion (cachaça envelhecida, xarope de mel e bitters; R$ 18,00), boa interpretação do old fashioned,que vem no copo aromatizado de canela queimada e com um gelo com o logotipo do bar. Clássico tropical, o saboroso mai tai (rum, limão, xarope de amêndoa e licor de laranja; R$ 18,00) é servido com gelo triturado. Também merece ser pedido o pepperista (R$ 18,00), que mistura gim, limão-siciliano, xarope de baunilha, licor de pêssego e pimentão vermelho, o que confere personalidade à bebida. Assim como alguns festivais, a casa adota o sistema pré-pago. O cliente enche um cartão com créditos e os gasta no decorrer da noite. Pagam-se R$ 5,00 por ele, devolvidos ao freguês que não leva o cartão embora.
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