#SPSonha: um projeto pelo fim do isolamento do Parque Ibirapuera
Cercado por viadutos e pistas, o local foi retalhado pelo urbanismo malufista, no qual só o carro contava; veja proposta para deixá-lo mais acessível a pé
Cercado por viadutos, pistas expressas e túneis, o maior parque da capital foi retalhado pelo urbanismo malufista, no qual só o carro contava, e por doações variadas (batalhões, Clube Militar, Assembleia Legislativa, entre outros, ganharam seus nacos do pouco verde que era para a cidade toda). Sem metrô na porta tão cedo, ele é um enorme indutor de trânsito. Está mais que na hora de melhorar a acessibilidade do Ibirapuera.
O arquiteto João Batista Martinez Corrêa, irmão do famoso criador do Teatro Oficina, José Celso, integrou a equipe que planejou o Túnel Ayrton Senna, nos anos 1990. Logo depois, ele apresentou um projeto complementar, pensando nos pedestres, que mudaria parte da Avenida Pedro Álvares Cabral. Na altura do Museu de Arte Contemporânea (o antigo Detran), uma larga passarela em X, com leves inclinações e muito verde, aumentaria o espaço para as pessoas, como continuação visual do parque.
A mudança maior se concentraria na ligação entre o Obelisco e a área do aeromodelismo (Praça Eisenhower). A pista da avenida seria elevada em um trecho de 200 metros. Com aproveitamento do declive do terreno, e uma leve escavação, haveria a abertura de uma passagem sob a via. Assim, o Ibira chegaria até a Rua Abílio Soares. Seria o início da recuperação de pequenas praças verdes, hoje isoladas, no entorno do parque. O projeto foi discutido pela prefeitura em 2008, mas o grupo de trabalho só teve uma reunião.
Publicado em VEJA SÃO PAULO de 22 de maio de 2019, edição nº 2635.