Sommeliers da vacina criam força-tarefa por WhatsApp para rastrear doses da Pfizer
Grupo atualiza lista com a fabricante disponível em cada posto de saúde da capital; usuários costumam "fugir" dos locais que aplicam Astrazeneca e Coronavac
Mais de 240 pessoas movimentam um grupo de WhatsApp criado para compartilhar informações sobre as vacinas de Covid-19 disponíveis na capital. Nas listas atualizadas em tempo real, os usuários rastreiam qual dos imunizantes está sendo aplicado nos postos de todas as zonas da cidade. Para os chamados “sommeliers da vacina”, a fabricante Pfizer é a grande favorita, disputada pelos paulistanos que insistem em evitar opções como Astrazeneca e Coronavac.
“Esse grupo surgiu dentro de um grupo de desapego de escola, que estava ficando lotado de mensagens sobre as vacinas”, conta a coordenadora do grupo Carla Perfeito, com exclusividade ao Terraço Paulistano. “Inicialmente criei só para os pais abrangendo mais a Zona Sul, mas hoje temos pessoas de toda parte de São Paulo.”
Além da “força-tarefa” por WhatsApp, também existem grupos divididos por região no aplicativo Telegram. Em todos, as listas circulam enquanto alguns perguntam sobre o tamanho das filas e a reposição dos postos de saúde. “Ainda tem Pfizer?”, questionou esperançoso um deles. Em outra ocasião, um dos participantes atualiza: “Falaram que hoje é só Pfizer.” “Que bênção!”, responderam.
No Telegram, com o título pouco discreto “Pfizer Zona Sul”, mais comentários e avisos: “Temos um grupo somente do Morumbi e região!”; “moro na região da Saúde, alguém saberia informar onde estão aplicando Pfizer?”; “alguém confirma primeira dose da Pfizer no Allianz Parque?”; “falaram se tem muitas doses?”.
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No grupo “Pfizer Zona Leste SP”, a conduta foi questionada por um dos participantes: “Como vocês se sentem escolhendo vacinas quando pessoas nas UTIs não tiveram essa oportunidade?”
“Eu peço para as pessoas não emitirem opinião sobre isso (escolher a fabricante da vacina) porque também dá confusão e alguns dizem ‘vacina boa é vacina no braço’“, pondera Carla. “Muitas vezes elas têm problema de saúde ou também viajam muito… Elas têm muito medo da Astrazeneca pelas reações. Eu tive Covid em novembro e tomei a Astra. Quando me vacinei, senti os mesmos sintomas, só mais leves.”
Na capital, o prefeito Ricardo Nunes sancionou esta semana uma lei que determina que cidadãos que recusarem vacina contra a Covid-19 em razão da marca do imunizante deverão ir para o final da fila.
Pelo menos cinco cidades no Estado de São Paulo determinaram ações contra pessoas que recusarem tomar a vacina disponível nos postos de vacinação. Nos municípios de São Caetano do Sul e São Bernardo do Campo, quem rejeitar o imunizante disponível irá para o fim da fila da imunização contra a doença. E em Rio Preto, Urupês e Jales haverá um “termo de desistência” para quem optar por não se vacinar.
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