Visitamos o primeiro wellness club de São Paulo
Sessões coletivas de sauna, respiração guiada e imersão no gelo são o foco do Kontrast, espaço de bem-estar no Jardim Paulistano
Em uma fachada rosa próxima à Avenida Rebouças, membros e convidados do novo Kontrast se reúnem para sessões de sauna, meditação e imersões no gelo. Pensado como um wellness club, modelo em alta nos Estados Unidos, o local é feito para promover práticas coletivas sempre ligadas ao bem-estar e ao cuidado emocional.
Para os sócios, essa é também uma empreitada contra a solidão urbana e tem atraído estrangeiros e atletas amadores em busca de pausa e conexões. A inauguração oficial deve acontecer em meados de novembro, mas as saunas secas e o terraço com vista para a movimentada via já estão em uso. Aberto de terça a sexta, terá planos mensais de 790 a 990 reais.
Uma das modalidades é a respiração guiada, feita com vendas nos olhos em posição sentada. Na minha visita, a sequência de trinta minutos imitava o ritmo de uma subida à montanha, com intensidade progressiva de inspirações longas e momentos para prender e controlar a respiração. Acho que eu não respirava assim com consciência desde o fim dos anos 2000.
No topo do prédio ficam sofás, mais saunas e uma fileira de banheiras, o ápice da experiência. Por lá são feitas imersões em gelo, que prometem acelerar a recuperação muscular, criar resistência mental, diminuir a fadiga e melhorar o humor. Parece justamente a ideia perfeita para ativar o mau humor, acima de tudo. São três opções, com oito graus, quatro graus e a mais desafiadora, o “chefão” final, a zero grau. Com uma câmera polaroid, todo visitante é registrado na hora do mergulho. As fotos depois ficam em destaque no paredão do clube, com uma mistura de expressões de alegria e agonia.
Arrisquei alguns minutos nas de 8º e 4ºC, bem suportáveis. Para o paulistano médio, que já se acostumou com furtos, filas e trânsito, alguns minutos congelantes parecem tarefa fácil e o caminho natural na lista de sofrimentos. Após o choque dos primeiros segundos, o corpo se acostuma de forma surpreendente, comprovando a nossa resiliência urbana.
Publicado em VEJA São Paulo de 17 de outubro de 2025, edição nº2966.





