Batekoo alcança novo patamar com festival na Neo Química Arena
Festa e plataforma dedicada a pessoas pretas e LGBT, selo organiza seu maior evento neste sábado (10), com nomes como Ludmilla, Fat Family e Afro B
Plataforma voltada para a cultura negra, periférica e LGBT, a Batekoo passa a alçar voos maiores a partir deste sábado (10), com o Batekoo Festival. Ocupando o estacionamento do setor leste da Neo Química Arena, o estádio do Corinthians, o evento terá doze horas de música, com apresentação de nomes como Ludmilla, Fat Family, Urias e Karol Conká.
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“É um movimento que está sendo construído há muito tempo, caminhando para este momento, este festival”, conta Maurício Sacramento, 27 — conhecido como Freshprincedabahia, um dos sócios-fundadores do projeto, que nasceu como festa e se tornou selo musical, produtora audiovisual e referência de cultura negra nas redes sociais.
“A Batekoo nasceu em 2014, em Salvador, a partir de uma proposta despretensiosa de criar um espaço seguro para pessoas pretas e LGBT, principalmente jovens periféricos”, explica o empreendedor e DJ, também escalado no line-up do festival.
Em seus oito anos de existência, a marca se expandiu para sete cidades e passou a organizar mais de setenta eventos por ano. E São Paulo acabou por se tornar um de seus principais polos, numa trajetória que nasce em 2015, na primeira edição paulistana da Batekoo, em uma casa noturna na Santa Cecília, e chega ao ápice neste fim de semana com o maior evento da históriada marca, para mais de 10 000 pessoas.
“Naquela época, São Paulo era a cidade da festa. Todo mundo comentava que era a maior noite do Brasil. Além disso, Salvador era muito diferente. Lá, uma festa como a Batekoo era algo muito novo, enquanto aqui já existiam outros movimentos de festas alternativas”, diz Maurício.
Artur Santoro, 26, um dos diretores do coletivo, explica que tanto a escolha da cidade quanto do espaço-sede do festival foi natural. “A Neo Química era o que mais fazia sentido para nós, porque a maior parte do público da Batekoo de São Paulo é da Zona Leste. Tem muito aquilo de as pessoas acharem que a Neo Química é muito longe, mas longe para quem, né?”, diz.
Na programação da festa, não estão somente nomes nacionais: o inglês Afro B, um dos principais nomes do afrobeat — combinação de ritmos africanos com elementos eletrônicos —, também tocará na noite.
“O mote do festival é: a gente não quer ser assistido, a gente quer se assistir. As pessoas pretas têm outras visões de mundo, do que é cultura, do que é música, e muitos artistas que a gente considera passam batido em outros tipos de curadoria”, explica Maurício.
“A nossa curadoria também traz as nossas apostas de nomes que vão estourar, além de artistas fora do mainstream, como o DJ Cleiton Rasta, de Alagoas, e o Zek Picoteiro, do Pará”, completa Artur. Mas a aposta mais alta mesmo dos organizadores parece ser no próprio festival: “Será o nosso produto principal pelos próximos cinco anos, com a expectativa de construirmos um dos maiores festivais do Brasil”, afirma Maurício.
Neo Química Arena. Avenida Miguel Ignácio Curi, 1270, Artur Alvim. 3152- 4099. Acess. Sáb. (10), 18h às 6h. R$ 264,00. @batekoo
Publicado em VEJA São Paulo de 14 de dezembro de 2022, edição nº 2819
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