Festival de Verão 2025: vale a pena se programar para o próximo?
Se você já pensou em viajar à Bahia para conferir o evento, saiba como foi a edição deste ano e leia a entrevista com o diretor artístico Zé Ricardo

O Festival de Verão 2025 aconteceu neste sábado (25) e domingo (26), em Salvador, com energia de Carnaval e shows de ritmos diversos sob o céu limpo da capital baiana.
O evento, coproduzido pela Salvador Produções e Bahia Eventos, estreou em 1999 e chegou em sua 24a edição reunindo mais de 60 000 pessoas, com transmissão gratuita para todo o Brasil via Globoplay.
O line-up foi diverso, com artistas do sertanejo, do pop, do rap, do samba, do rock, da música eletrônica e, claro, do axé. Em 2025, o ritmo baiano celebra 40 anos de existência, efeméride que foi tema do festival — e essa reverência foi o seu ponto forte.
Os momentos mais contagiantes dos dois dias, que mais envolveram o público, foram nos shows de artistas baianos. Em especial Ivete Sangalo, Daniela Mercury com Timbalada, Bell Marques e Luiz Caldas com Saulo.
Além desse brilho do axé, alguns encontros especiais também foram marcantes. Só Pra Contrariar convida Alcione foi um dos melhores shows do festival, Jão com Gustavo Mioto deu uma liga musical e divertida entre os cantores e BaianaSystem com BNegão e Marcelo D2 foi potente no palco.
Apesar da pista cheia e o público empolgado, Alok fez um show genérico que se destacou mais pela pirotecnia luminosa no céu do que pela música. Ana Castela e Xamã juntos no palco foi o momento com menos conexão do festival.
Um dos acertos foi a planta do evento, que aconteceu no Parque de Exposições. O local é plano e espaçoso, mas não a ponto de ser cansativo. Banheiros estão bem distribuídos, e, apesar dos preços salgados, são muitas as opções de alimentação.
A dinâmica de dois palcos principais vizinhos, sem shows simultâneos, também funcionou bem, tornando tranquila a mobilidade do público. Um ponto que poderia ser revisto é o tamanho da pista do camarote, que ocupa as metades de cada palco, e ficou com espaços vazios grandes em momentos do evento.
O bom funcionamento do local foi decisivo para a energia leve e animada do festival, que sem dúvidas merece uma viagem para a Bahia, quando confirmada a próxima edicão. A data do festival não aproveita somente a estação, mas também costuma ser próxima ao Dia de Iemanjá (2/2), e uma dica é tentar esticar a viagem para pegar a celebração na capital baiana.
A curadoria foi guiada pelo diretor artístico do festival, Zé Ricardo. Confira a seguir o papo com o curador.

4 perguntas para Zé Ricardo
Para você, qual o saldo desses dois dias de festival?
Toda vez que acaba um festival, parece que você acabou de escrever uma história, ver o final de um filme, o desfecho de uma coisa que você trabalhou muito para acontecer. Mas, quando um festival acaba, não é fim, é recomeço. O começo de uma coisa nova que a gente já começa a trabalhar.
Como você mede o sucesso de um festival, para além de venda de ingressos?
Cada um mede de um jeito. O meu jeito é andar pelo público e olhar para as pessoas. Se estiverem com aquela cara de encantamento, felicidade, com o clima leve, é sucesso. Às vezes você vende muito ingresso e não necessariamente aquilo virou uma experiência inesquecível. E acho que esses dois dias, para quem veio, foram inesquecíveis. O sucesso vem muito do olhar do público, e da vontade dos artistas de estarem aqui.
Como foi pensada a curadoria desta edição, tendo em vista os 40 anos do axé?
Um festival é sobre entrar de um jeito e sair de outro. Você entrar e sair com alguma coisa que você não tinha. Se você quer ver o seu artista preferido, você vai no show solo dele. Quando você vem em um festival, a sua capacidade de absorção é maior. Você vem mais aberto, a gostar e não gostar de coisas. O que um curador faz? Propõe. O trabalho de curadoria são propostas. Às vezes através de provocações — como é Ana Castela e Xamã, os mais extremos podem se encontrar. Ou o pop do Jão com o sertanejo do Gustavo Mioto. Então essas provocações vão construindo o line-up, junto com as reverências, como foi SPC e Alcione. Não dá para ter a arrogância de tentar traduzir os 40 anos do axé em um show. O Festival de Verão é protagonista na história desse movimento, quando o evento nasceu, o axé estava entrando no seu auge, e o festival foi um dos propulsores disso. Tentamos fazer o festival inteiro como uma homenagem ao axé, com shows icônicos, como Daniela Mercury e Timbalada, Luiz Caldas e Saulo, Ivete Sangalo e Bell Marques.
Na sua visão, qual a importância desse festival hoje, para a Bahia e o Brasil?
O Festival de Verão é muito especial, porque é uma paixão do público baiano. Já foi uma paixão do Brasil inteiro, nos últimos anos ele se afastou um pouco dessa visibilidade mais nacional, e há três anos estou tentando trazê-lo para esse lugar. Eu sinto que cada vez mais as pessoas vem, porque todo mundo quer um motivo para vir para a Bahia. Então a gente está tentando dar só um bom motivo para as pessoas comprarem as suas passagem, virem e curtirem a festa de Iemanjá, que sempre está muito perto.