Quem é Rom Santana, o “Rei do Bixiga” e sensação da noite paulistana
Conheça o cantor baiano que lota casas pela cidade, reencontrou a mãe biológica após o sucesso e vai estrear seu bloco no Carnaval 2026
Em plena madrugada de domingo para segunda-feira, casa lotada. Clima abafado na pista, galera jovem. As luzes se apagam, entram efeitos sonoros eletrônicos, um teclado e uma batida, tocados pelo DJ. De óculos escuros, Rom Santana, 31, sobe ao palco de pouquíssimos metros quadrados, carregando um microfone e um sorriso. “Geral, faz o sinal do ‘Felino’ aí!”, pede, a certa altura, e todos erguem as mãos em formato de garra, como se habituados ao gesto. E o cantor, radiante, em seu hábitat natural.
Essa é a cena à qual o artista baiano, sensação da noite paulistana, está se acostumando nos últimos meses. Seus shows viraram certeza de boa folia pela cidade, na levada do piseiro — derivação mais eletrônica do forró —, do arrocha e do pagodão baiano. Pela noite adentro, canta de tudo, principalmente sucessos desses gêneros, além de faixas autorais, como a música Teoria.
“Nunca havia passado pela minha cabeça que eu seria cantor. Sempre gostei de dançar, mas foi em São Paulo que me aproximei da música”, conta ele, que cresceu na cidade de Iramaia, interior da Bahia, e chegou à capital paulista aos 17 anos, em 2010.
Por aqui, trabalhou como ajudante em uma pizzaria, passou por restaurantes e foi motoboy por quatro anos, antes de se dedicar exclusivamente à carreira musical.
O bairro do primeiro emprego de Rom na cidade foi o Bixiga, onde mora hoje. A região movimentada na Bela Vista foi também o cenário de sua descoberta musical.
“Comecei a fazer vídeos em casa, cantando, e a postar no Facebook. Certo dia fui a um bar do bairro com karaokê, cantei e o dono elogiou. Ali começou a juntar a fome com a vontade de comer”, diz ele, que passou a se apresentar em bares da Rua Treze de Maio, entre 2022 e 2023, com uma caixa de som e um microfone emprestado.
Com o público da região formado, também passou a fazer aniversários. “Já fiquei cinco horas cantando direto. Como não fazia tantos shows, aproveitava toda oportunidade até o fim. No outro dia ficava sem voz”, relembra.
No Carnaval deste ano, ele se apresentou para uma multidão no Bloco Je Treme Mon Amour, e depois a agenda só cresceu. “Nos últimos dez meses, explodiu. Virou uma loucura. Fazemos de 25 a trinta shows no mês”, conta Robson Melo, da Hobby Show Music, empresário do artista.
Neste novembro, Rom estreou em Salvador e no Rio de Janeiro, e, em São Paulo, cantou em locais como o Sesc Pompeia e a Casa de Francisca. “É sempre uma lotação. Ainda me surpreendo quando vejo as pessoas me esperando”, diz, feliz.
Condecorado inicialmente como “Rei da Treze”, Rom passou a ser chamado de “Príncipe do Bixiga”. Depois, cresceu para “Rei do Bixiga”. Hoje também é chamado de “Rei do Centro” — os títulos só aumentam. Mas o único apelido que ele mesmo usa não é nenhum desses. “Prefiro ficar com ‘Felino’. É um bordão que criei a partir do meu signo, sou leonino. Comecei a falar, e a galera a retribuir. Então levei para eles também. Os homens eu chamo de felinos, e as mulheres, de felinas”, explica.
Mesmo com todas as honrarias paulistanas, o maior troféu é a sua família: com o sucesso, conseguiu se reconectar com a mãe biológica. “Ela se separou do meu pai quando eu tinha 1 ano e meio. Em 2018 nos reencontramos pela primeira vez. A música me deu recursos para me aproximar dela, e hoje moramos juntos”, conta Rom.
Agora, com a família mais unida, vislumbra lançamentos e, em 2026, a estreia do seu Bloco do Felino no Carnaval de São Paulo. E, seja lá qual for o próximo reino a ser conquistado pelo cantor, uma certeza é encontrá-lo pelas ruas, bares ou festas do Bixiga, sempre com muito fervo e garras ao ar.
6 perguntas para Rom Santana
Qual o seu lugar preferido no Bixiga?
É, com certeza, a Rua 13 de Maio. Tem a ver com toda a minha trajetória na música, foi onde comecei a ganhar esse público que tenho hoje, e que cada vez mais vem aumentando.
E o seu maior sonho?
São dois. Primeiro, dar uma condição melhor para a minha família, através da minha carreira. E, segundo, na música, meu maior sonho é gravar um feat com o Léo Santana.
Ele é o seu cantor preferido?
Sem dúvida. É minha maior referência na música, no palco. Me inspiro muito nele.
Quais artistas você mais gosta de ouvir?
Escuto de tudo. No piseiro ouço muito Marcynho Sensação e Victor Meira. No pagodão baiano, artistas como Léo Santana e La Furia.
Qual o seu apelido favorito?
“Rei do Bixiga”, “Rei do Centro”, foram coisas que a galera trouxe para mim, me atribuiram isso, e fico muito feliz. Mas prefiro ficar com o “Felino”, que vem do meu signo.
E quais as músicas que não podem faltar nos seus shows?
Tem Teoria, que é minha e a galera gosta muito. Ou Dando Sarrada, da Marina Sena com o Japãozin. Posturado e Calmo, do Léo Santana. O Baiano Tem o Molho, do Kanalha. E João Gomes, com Meu Pedaço de Pecado. São várias músicas que a galera canta junto.
Publicado em VEJA São Paulo de 21 de novembro de 2025, edição nº 2971
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