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A explosão do brunch em SP: conheça lugares especializados na refeição

Entenda por que o misto de café da manhã e almoço entrou para a rotina da cidade e confira um roteiro especial

Por Saulo Yassuda Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 Maio 2024, 21h43 - Publicado em 29 jul 2022, 06h00
brunch na mesa
Combinado completo: sugestão do Mug.sp (Clayton Vieira/Veja SP)
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Uma refeição descontraída, sem muito horário, que pode rolar da manhã ao meio da tarde, com itens que variam de uma torrada frugal a um prato mais parrudo. Esse é o brunch, termo de origem inglesa cada vez mais presente no vocabulário culinário do paulistano. De uma modinha, iniciada quatro ou cinco anos atrás, esse misto de café e almoço se consolidou na cena gastronômica da cidade. (Conheça, abaixo, o brunch do Theatro Municipal e de outros endereços de São Paulo.)

Não à toa, receitas típicas brunchianas, como os ovos beneditinos (ou benedict), banhados de molho holandês, e, mais recentemente, a torrada de abacate (ou avocado toast), são mais fáceis de ser encontradas hoje em restaurantes, cafeterias, padarias e casas especializadas nesse tipo de comida. Nesse mercado aquecido, três das principais marcas especializadas em brunch — Mug.sp, Café Habitual e Botanikafé — têm agora status de rede. Até o fim de 2022, devem somar juntas onze lojas na capital paulista.

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São casas inspiradas em cafés europeus ou australianos e frequentadas, sobretudo, por um público na faixa dos 30 e poucos anos que devora pães, frutas, frios e, principalmente, ovos. “Abriram vários endereços em São Paulo com esse mesmo conceito de servir brunch o dia todo e todos os dias, com vários itens. As pessoas estão familiarizadas”, observa Manuela Albuquerque, do Botanikafé, que desde junho deste ano conta com a quarta unidade na Barra Funda. “Quando as pessoas começaram a voltar para a rua, com a reabertura, percebi muito o desejo delas de saírem durante o dia”, adiciona Fabian Daltoé, do Mug.sp, com duas unidades e mais duas a caminho.

Tostada de abacate e salmão curado e creme azedo sobre prato de louça branca do Botanikafé.
Torrada de abacate e salmão: Botanikafé (Bruno Geraldi/Divulgação)

Ir a um endereço de brunch significa que você vai poder comer, por exemplo, uma torrada grandalhona com ovo e presunto no desjejum, no almoço, no chá da tarde ou até no jantar. Você decide o apetite e o horário. “Hoje, o comportamento da cidade pede esse cardápio mais flexível, que dê para almoçar às 3 da tarde ou ter um café mais reforçado às 10 da manhã”, acredita o empresário Alan Gattiboni, do Café Habitual, que desde abril contabiliza três unidades na capital.

E, embora sábados e domingos sejam os dias em que esses estabelecimentos mais bombem, não significa que não façam sucesso também nos dias de semana — o brunch deixou de ser apenas uma refeição para celebrar com uma mimosa (espumante e suco de laranja).

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Ambiente do Cuia Café, decorado com livros expostos acima do balcão e da cozinha 
Ambiente no térreo do Copan integrado à livraria Megafauna (Clayton Vieira/Veja SP)

Ainda é. Mas não é só isso. Junto a endereços especializados, outros estabelecimentos se beneficiam desse movimento. No notívago Bar dos Arcos, as manhãs e tardes de sábado e domingo são preenchidas com um cardápio de quitutes e pratos disponível no térreo do Theatro Municipal. “A cidade está com uma oferta cada vez maior de brunches, e a gente queria participar dessa onda”, explica o sócio Facundo Guerra. Desde o início do mês, existe a possibilidade de o público comprar um pacote especial e conhecer o bar do subsolo com um guia nesse período — no entanto, as vagas para as incursões estão esgotadas até o mês de setembro.  Restaurantes também se juntam nessa caminhada. Endereços como o Deus Ex Machina, em Pinheiros, e o Cuia, no Centro, têm opções especiais diariamente.

Não faltam ótimas dicas no decorrer desta reportagem para quem quiser se deliciar. Aproveite! Quem manda no seu estômago, afinal, é você. Abaixo, veja bons brunches da cidade:

 

QUASE TUDO AO AR LIVRE

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Os ambientes abertos são o trunfo da concorrida Mug.sp, que já tem um segundo ponto. Nascida em fevereiro, essa unidade ocupa parte do jardim e do casarão do Instituto de Física Teórica, no complexo Praça Pamplona, na Bela Vista. Se, durante a semana, muitas mesas são ocupadas por gente com notebooks, aos sábados e domingos, grupos na faixa dos 30/40 anos dominam o ambiente, a jogar conversa fora. A maioria pede a tábua de brunch, que costuma trazer frutas, seleção de charcutaria artesanal, castanhas, ovos cozidos de gema mole, tomatinho confitado, geleia, manteiga, queijo (burrata ao pesto, por exemplo), pães e bebidas, como suco e café. Custa 140 reais, para dois. “Quando abrimos, em 2019, 80% do movimento era de café da manhã, até 10h. A partir de 2021, já começou a ter procura maior para brunch, que foi se tornando um programa de amigos”, teoriza o sócio Fabian Daltoé. Ele se prepara para inaugurar, na quinta (4), a terceira casa. Será na Avenida Paulista, 1079, no térreo de um prédio comercial. Em fase de projeto, a filial de Santa Cecília deve ficar pronta em outubro. O movimento tem ganhado uma forcinha por postagens que têm rolado sobre o lugar no TikTok. “Teve um fim de semana que saiu um vídeo, e o faturamento aumentou 50%”, conta o empresário. “Mas tenho 36 anos, não sei mexer nesse app!”, brinca. Rua Pamplona, 145 (Praça Pamplona), Bela Vista, ☎ 3266-2885. Tem acessibilidade. Mais dois endereços. mugsp.com.br

 

retrato
Fabian Daltoé: quatro endereços do Mug.sp até o final do ano (Clayton Vieira/Veja SP)

 

TOAST? AQUI NÃO

pratos
Cuscuz com ovo e banana-da-terra: menu brasileiro (Clayton Vieira/Veja SP)

Um sopro de brasilidade quando o assunto é brunch, a Botanista prepara cuscuz nordestino com ovo frito, banana-da-terra grelhada com melado de cana, canela e castanhas, pão de queijo, vitamina… Esses itens, que podem ser pedidos separadamente ou em combo (71 reais), são oferecidos até as 14h nessa casa que foge das “toasts”, as torradas cheias de complementos que vieram com a influência de cafés gringos. Tem também pratos, a partir do meio-dia, como a canjiquinha com queijo da Serra da Canastra e linguiça bovina (38 reais). “Priorizamos agricultura familiar e pequenos fornecedores nas receitas”, diz a sócia Nubia Lima. “Em cerca de um mês, vamos começar a abrir à noite e também apostar no bar”, anuncia. O estabelecimento, nascido em Pinheiros em 2017 inicialmente como uma loja de plantas e com outra formação societária, se mudou para o Centro em fins de 2020. Ocupa um prédio com um quintalzinho aberto nos fundos, onde os visitantes adoram se fotografar. Rua Bento Freitas, 290, Centro, ☎ 97085-1414. botanista.cc.

 

UM BLEND DE INFLUÊNCIAS

salão
Unidade nova, em Pinheiros: sopa no café da manhã (Arman Beyazgul/Divulgação)
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Uma sopa de lentilha vermelha com iogurte (40 reais) para começar o dia. E uma shakshuka (cozido de tomates e pimentões, ovos e cordeiro; 65 reais) para o café da tarde. Ou vice-versa. Você escolhe a que hora do dia quer comer de mais ou de menos no Café Habitual, que tem receitas de brunch com influências do Mediterrâneo (mas não só) em três unidades: Jardins, a pioneira, de 2017, Shopping JK Iguatemi, de 2019, e Pinheiros, de abril, num agradável casarão banhado de luz natural durante o dia. Quem cuida das receitas é o sócio Arman Beyazgul, de ascendência grega, nascido no Chipre, crescido na Turquia e que viveu por muito tempo na Austrália, onde a cultura do brunch é forte. Deu para captar o mix de influências? “40% do público frequenta as lojas todos os dias”, garante Alan Gattiboni, que completa o time de sócios com Vladimir Abreu. No começo da vida da rede, sugerir receitas diferentes, sobretudo no café da manhã, não foi tarefa fácil. “O pessoal pedia misto-quente, tapioca e açaí”, relembra Gattiboni. Rua Cônego Eugênio Leite, 1152, Pinheiros, ☎ 3816-1609. Tem acessibilidade. Mais dois endereços. cafehabitual.com.

 

CAFÉ (OU ALMOÇO, JANTAR…) BADALADO

Como em um bar, no Botanikafé você vai ver dois pombinhos saindo para um date, um grupo de amigas a fofocar e, quem sabe, até um casal discutir. Só que, em vez de cervejinha (que estão na carta, assim como drinques e vinhos também), esse pessoal na maioria das vezes se esbalda em smoothies, como o tropical (22 reais), de manga, abacaxi, maracujá e água de coco. Badalada, a rede, que é uma das mais imitadas por aí, tem cardápio extenso, com diferentes versões de ovos beneditinos, como o com presunto cru (42 reais), que pode vir com salada e batata rústica (12 reais), e as onipresentes torradas ou tostadas (eles preferem toasts) de pasta de abacate (27 reais). “As montagens dos pratos, muito coloridos e instagramáveis, nos ajudaram a bombar a rede”, acredita Manuela Albuquerque, uma das fundadoras. Hoje, são quatro unidades com ligeiras mudanças de cardápio em cada uma. Duas das casas ficam junto a quadras de areia, outro novo fetiche paulistano. Alameda Lorena, 1765, Jardim Paulista, ☎ 3064-6570. Tem acessibilidade. Mais três endereços. botanikafe.com.

 

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Ovos beneditinos com presunto cru: cardápio extenso (Bruno Geraldi/Divulgação)

 

PARA UM PÚBLICO PREPARADO

O chef australiano Greigor Caisley anda “animadaço”, como confidenciou. Depois de anos focado em petiscos e hambúrgueres, criou o cardápio do Fechado, lugar que é café de dia, bar à noite e tem brunch de quarta a segunda das 8h às 17h. Foi inaugurado em maio. “Eu tinha uma proposta parecida no antigo Twelve Bistro, mas naquela época o público não estava preparado para ela”, diz o cozinheiro-empresário. No cardápio, ele sugere receitas como a omelete de kimchi com pimenta sriracha e coentro (29 reais) e a french toast, ou rabanada, com compota de pera e calda de caramelo (26 reais). “É um desafio servir esse cardápio todos os dias. Não é como na Austrália, onde tem até festa de aniversário no café da manhã”, afirma. Rua Bela Cintra, 676, Consolação, ☎ 99812-4889. Tem acessibilidade. Instagram: @fechado.cafebar

 

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French toast: sobremesa do chef Greigor Caisley (Lais Acsa/Divulgação)
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BRUNCH A PERDER DE VISTA: mais opções em São Paulo

» BAR DOS ARCOS. Nos salões do térreo do Theatro Municipal, um menu especial pode ser saboreado aos sábados e aos domingos. Inclui panquequinhas com caramelo, flor de sal e nibs de cacau (23 reais). Praça Ramos de Azevedo, s/nº, Tem acessibilidade. bardosarcos.com.br.

» CUIA. A chef Bel Coelho tem um menu híbrido ao longo do dia com pedidas como o waffle com mel de uruçu e manteiga artesanal (28 reais). O restaurante venceu na categoria bom e barato na mais recente edição COMER & BEBER. Avenida Ipiranga, 200, loja 48 (Edifício Copan), Centro, ☎ 93100-7700, Tem acessibilidade. @cuia_cafe.

» DEUS EX MACHINA. É um complexo de loja de roupas, motos, pranchas e bicicletas conjugado com o mix de restaurante, bar e café. O menu de brunch pode ser pedido até as 14h. Avenida Rebouças, 3658, Pinheiros, ☎ 91206- 8408. @deusmansion.

» EMILIANO. O brunch é servido no restaurante desde 2008, época em que a refeição não era tão popular. “A ideia era quebrar a formalidade”, explica o CEO Gustavo Filgueiras. Em cartaz aos sábados, domingos e feriados, custa 305 reais (menu completo), a partir das 12h. Rua Oscar Freire, 384 (Hotel Emiliano), Jardim Paulista, ☎ 3728-2020/ 2000. Tem acessibilidade. emiliano.com.br.

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» FUTURO REFEITÓRIO. Instalado num antigo estacionamento, tem menu com seção fixa de brunch e café com opções como abacate com ovo mexido, bacon, torrada e iogurte (40 reais). Rua Cônego Eugênio Leite, 808, Pinheiros, ☎ 3085- 5885. Tem acessibilidade. futurorefeitorio.com.br

» HM FOOD CAFÉ. Muita gente aparece para tomar um solzinho na parte de trás da casa, aberta em 2015 em outro endereço, antes ou depois de saborear os bocados de café e brunch. Até o fim do ano, o espaço vai crescer. Rua Teodoro Sampaio, 1027, 1º Andar (Galeria Calixto), Pinheiros, ☎ 3508-8841. Tem acessibilidade. hmfoodcafe.com.br.

» MARIE MARIE BAKERY. Para delivery, a padaria da Zona Leste vende cestas de brunch (a partir de 250 reais). No salão, dispõe de receitas como os ovos beneditinos com salmão defumado (49 reais). Rua Azevedo Soares, 2532, Tatuapé, ☎ 2293-7260. @mariemariebakery.

» PALÁCIO TANGARÁ. Opção chique, é oferecida no hotel na forma de um menu completo aos domingos a partir de 385 reais. Recomenda-se reservar. Rua Deputado Laercio Corte, 1501 (Palácio Tangará), Vila Andrade, ☎ 4904-4040, experienciaspalaciotangara.com.br.

» SALVI. Rara opção de brunch na Zona Norte, o restaurante tem ambiente banhado de luz natural de dia. Há opções como a avocado toast (22 reais), com pão de fabricação própria, pasta de abacate com bastante limão e ovo. É possível pedir bandeja como a paulista (café, torrada de ovos mexidos, bolo e suco verde; 42 reais). Rua Tupiguaes, 140, Santana, ☎ 2959-7604. Tem Acessibilidade. @salvi.cozinha.

 

Para ficar por dentro do universo dos bares e da gastronomia, siga @sauloyassuda no Instagram e no Twitter.

Publicado em VEJA São Paulo de 03 de agosto de 2022, edição nº 2800

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