O que sobrou do Baixo Augusta
Nos últimos meses, a vizinhança perdeu representantes de peso e ganhou novos endereços. Veja o que vale a pena frequentar na região
A Augusta viveu seu auge nos anos 1950 e 1960. Mas foi em 2008 e 2009, quando pipocaram endereços bacanas pela região, que a rua entrou de vez na rota noturna da cidade _e foi até destaque em publicações internacionais, como o jornal The New York Times, que recomendou a área em uma reportagem de turismo em São Paulo.
Nesse período, surgiram, por exemplo, os bares The Pub e Z Carniceria, além das baladas Studio SP e Tapas Club. Nos arredores destacavam-se ainda o Sonique, na Rua Bela Cintra, e o Astronete, até então na Rua Matias Aires. Foi nessa época ainda que o quadrilátero formado por Avenida Paulista, Rua Augusta, Praça Roosevelt e Rua da Consolação se consolidou como Baixo Augusta.
De lá para cá, porém, a região perdeu uma série de estabelecimentos de peso, a começar pelo Vegas, de Facundo Guerra, que cedeu seu espaço para um empreendimento imobiliário ainda em construção. Também de Facundo Guerra, o Bar Volt, que tinha filas frequentes em sua porta, ficou meses fechado e agora funciona apenas aos fins de semana com programação de DJs. O Comitê, promessa entre as casas de shows de médio porte, durou poucos meses e deu lugar o Beco 203.
Nesse vaivém de estabelecimentos, VEJA SÃO PAULO selecionou o que ainda vale a pena frequentar na região. Veja abaixo:
Astronete: com estrutura diminuta, a casa exibe um balcão logo na entrada. Por ali, faz sucesso o chope irlandês Guinness (568 mililitros). Após um pequeno corredor, a pista, com paredes pintadas de vermelho e decoração de pôsteres de filmes eróticos antigos, recebe um pessoal moderninho. Às sextas, têm vez canções dos anos 50 aos 70 e shows ao vivo.
Beco 203: a casa, colada ao Studio SP, ocupa o espaço do extinto Comitê. Com uma programação intensa, pretende atrair interessados em dançar ao som de discotecagens de rock e shows de bandas alternativas, como o Forgotten Boys. Esfumaçado, o ambiente ganhou mais um bar, luminárias chamativas e quatro postes de pole dance, muito disputados pelos frequentadores.
Caos: o espaço para lá de estiloso funciona como loja de antiguidades durante o dia, com mais de 3.000 produtos para venda e locação. Brinquedos, televisões e até uma bicicleta forram as paredes e o teto em uma charmosa decoração retrô. À noite, o clima esquenta com drinques diferentões e cerveja (Heineken long neck). O DJ anima a apertada pista, ao som de rock, soul, hip-hop, ritmos brasileiros e funk. De terça a sexta, dá para entrar de graça das 19h às 22h.
Clube Flamingo: de visual retrô e atmosfera caseira, é um espaço simpático para reunir os amigos antes da balada. São três pisos, divididos em pequenos ambientes. Héteros moderninhos, gays e lésbicas preferem os lounges do 2º andar e a curiosa varanda-laje do 3º pavimento— onde fumantes são bem-vindos. Para beber, escolha um dos cinquenta rótulos de cerveja. Além das famílias da Eisenbahn, da Colorado e da Baden Baden, aparecem outras nacionais menos conhecidas, como a pilsen catarinense Göttlich, Divina!, que leva guaraná na receita.
Exquisito!: a cozinha aposta em petiscos latino-americanos, a exemplo da salteña boliviana. O mexicano chili royal pode ser pedido em duas versões: individual e para três. Apetitoso, traz o cozido de carne moída e feijão fundido numa mescla de queijos. A receita acompanha tortilhas de trigo e de milho, guacamole e sour cream. Para beber, escolha uma das cervejas também latinas, caso da uruguaia Norteña e da argentina Quilmes.
Igrejinha: exibe na decoração imagens de santos, oratórios e fitinhas do Senhor do Bonfim. Para estimular a paquera, estão espalhados pelos recortados ambientes telefones antigos de uso gratuito — o ramal dos aparelhos está indicado pela cor de cada um deles. Basta identificar o alvo e torcer para que o chamado tenha resposta. Nos fundos, uma sala com piso de madeira, abajures e sofás atrai gays e moderninhos, que se reúnem ali antes da balada. Do bar saem drinques bem executados, entre eles o cosmopolitan.
Lekitsch: primeiro endereço a surgir na Praça Roosevelt depois da reforma, destaca-se pela decoração meio retrô, meio kitsch. Dela faz parte um monte de objetos nostálgicos, entre eles fitas cassete, quadros de pin-ups, TVs em preto e branco e até o brinquedo Genius. Nas mesas, discos de vinil são usados como sousplat para os petiscos do enxuto menu, a exemplo da costela de tambaqui empanada no fubá e do bolinho de arroz, gorgonzola e parmesão, de textura macia. A pequena seleção de rótulos de cerveja traz as nacionais Original, Heineken long neck e Colorado Indica e a irlandesa Guinness.
Rose Velt: para acompanhar cervejas (Colorado Indica), vinhos (Alamos Malbec 2010) e cachaças (125 marcas), preste atenção nos sanduíches montados na piadina — pão fino e achatado, típico da região italiana da Emilia-Romagna. Um deles vem recheado de queijo brie, abobrinha, cebola caramelada e rúcula. A cozinha expede ainda boas massas.
Sancho Bar y Tapas: próximo ao Espaço Itaú de Cinema, trata-se de mais um cantinho espanhol na cidade. Um lance bacana: a casa adota a prática de deixar as tapas e os pinchos já prontos sobre o balcão — algo bem típico dos botecos da Espanha. Escolhe-se ali e paga-se por unidade. Agradam as versões de presunto serrano com ovo de codorna frito e de salmão defumado, cream cheese e um toque de limão. A seção etílica traz o bom chope de trigo Bamberg e 66 rótulos de cerveja. Entre eles, oito da cervejaria Damm, de Barcelona, a exemplo do Voll-Damm, mais encorpado, e do Inedit, uma witbier (de trigo, ao estilo belga). Prove ainda a sangria.
Studio SP: trata-se de um lugar onde é possível dançar, beber e ouvir um bom som ao vivo. Nomes nacionais relevantes, a exemplo de Mallu Magalhães, Marcelo Jeneci e Tulipa Ruiz, despontaram no espaço. A banda Del Rey, que canta versões animadas de canções de Roberto Carlos, provoca uma fila enorme na porta.
Tapas Club: quase na esquina com a Rua Fernando de Albuquerque, o bar-balada mistura héteros e gays alternativos. Sofás baixos, papel de parede importado de Londres e cardápio escrito num espelho atrás do balcão compõem o transadinho espaço. No piso superior, há uma pista de dança com espaço para receber shows (como a agenda varia bastante, convém checar a atração antes de sair de casa). A seção etílica inclui chope e cervejas da Eisenbanh, como a saborosa Strong Golden Ale (long neck). Entre os drinques, agrada uma versão do mojito preparada com rum cubano Havana Club e um toque de espumante.
The Pub: madeira escura e cartazes estrangeiros compõem o clima, turbinado pelos shows de rock e blues e pela trilha sonora do proprietário — Philip Yates, nascido em Liverpool e aficionado por Beatles. Sai da chopeira o inglês Fuller’s ESB. As potato wedges hot são tiras de batata assadas com casca, cobertas por mussarela derretida e bacon e acompanhadas de chili.
Tubaína: mais de trinta tubaínas figuram no menu, a exemplo da Vedete, de Sorocaba. Chegaram ao cardápio oito sugestões vegan (sem matéria-prima de origem animal), como o cremoso caldinho de feijão (que não leva bacon no tempero). Na lista de cervejas disponíveis aparecem rótulos da Bamberg, de Votorantim (SP), caso da boa loirinha Camila, Camila.
Z Carniceria: nos anos 50, funcionou no mesmo imóvel um dos primeiros açougues da Rua Augusta, chamado Z. Daí a decoração underground com ganchos de pendurar carne e imagens de açougueiros. Embalado por rock e soul, o pessoal beberica cervejas (Heineken) e drinques como o mad butcher (vodca, licor de pêssego, suco de maracujá e tabasco na taça de martíni enfeitada com uma pimenta dedo-de-moça).