Marcas lançam peças com estampas e formato de abacaxi
Depois de anos como ícone brega, a fruta tropical, quem diria, vira item sofisticado de decoração
Tal como o pinguim de geladeira e os anões de jardim, o abacaxi passou por ícone brega de decoração nas últimas décadas. Um dos símbolos recentes dessa condição era a jarra de plástico em alaranjado berrante que enfeitava a mesa dos Silva no seriado A Grande Família, exibido pela Globo até o ano passado. Pois eis que a fruta dá sua volta por cima nesta temporada, em forma de item sofisticado: ela se tornou figura fácil em objetos feitos com porcelana, metal e cristal. São estampas, louças ou simplesmente pequenas esculturas produzidas por marcas badaladas. A Tania Bulhões, nos Jardins, tem entre os itens mais vendidos de suas atuais coleções um aparelho de jantar com tais motivos (890 reais). Na loja Clami do ShoppingD&D, um vaso com o formato da fruta é vendido por 1 678 reais.
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A tendência está inserida em uma onda maior. De acordocom críticos de estilo e decoração, ela seria resultado deum movimento, iniciado em 2013, que prega a valorizaçãodas referências tropicais, inclusive em roupas e acessórios.
Desde então, figuras da fauna e da flora começaram a surgirem desfiles de moda e, pouco depois, nos catálogos dasprincipais redes de fast-fashion do mundo. “Na última primavera,vimos as bananas da Prada, as frutas cítricas daStella McCartney, os limões da Moschino, além de muitos flamingos, papagaios e tucanos”, enumera Bruna Ortega, profissional de análise da Worth Global Style Network, a maior consultoria global de tendências de moda.
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A safra seria uma espécie de volta às origens. “Historicamente,é um sinal de boas-vindas”, lembra o arquiteto Jorge Elias. Durante a descoberta da América, os índios ofereceram a iguaria local aos colonizadores. Levado por Cristóvão Colombo à Europa, o abacaxi virou alimento-ostentação: como a maior parte do estoque apodrecia nos navios ao longo da viagem, as frutas que resistiam eram vendidas a um preço alto. “A ligação entre o abacaxi e o luxo vem de séculos”, afirma a pesquisadora Andrea Greca Krueger, especialista em consumo.