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Compra em grupo ou aluguel são novos modos de usar o carro no cotidiano

Compartilhar a aquisição de automóveis esportivos de luxo ou assinar mensalmente veículos populares surgem como opções

Por Fernanda Campos Almeida
Atualizado em 27 Maio 2024, 20h05 - Publicado em 18 jun 2021, 06h00
Nove carros esportivos de luxo estão estacionados em uma grande pista de corrida
Frota de carros esportivos da Auto Fraction: paixão (Pedro Bicudo/Auto Fraction/Divulgação)
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Ter um carro na garagem gastando um terço do preço e sem dor de cabeça com a burocracia da documentação é o que motiva motoristas a adquirir cotas de veículos esportivos ou assinar mensalmente automóveis do dia a dia.

Modalidade comum nos Estados Unidos, a aquisição por cota de automóveis como Porsche, Audi e Mustang é gerenciada por empresas que fazem a divisão dos bens de luxo entre proprietários — que muitas vezes nem se conhecem. Na Auto Fraction, lançada em 2019, com unidades em São Paulo, Campinas e São José dos Campos, a queda no gasto com viagens em geral e o aumento nos preços dos automóveis fizeram com que as vendas de cotas crescessem na pandemia.

“São pessoas que querem conquistar esse sonho antes de morrer, mas ainda têm gastos com a casa e a faculdade dos filhos”, explica o proprietário Rafael Moscardi. “É uma forma de ter o patrimônio de modo financeiramente mais inteligente.” O cliente acessa o site da loja, escolhe o carro, define quantas cotas quer comprar, preenche o formulário e aguarda o contato da equipe. Se necessário, a própria empresa fica responsável pela busca de outros compradores. O veículo fica no nome de até três cotistas por meio de uma Sociedade de Propósito Específico (SPE).

A empresa faz a administração da compra, manutenção (cobrada proporcionalmente de cada dono, de acordo com a quilometragem rodada), higienização e agendamento entre os proprietários, que revezam o carro a cada semana. Gastos extras, como IPVA, são divididos entre os clientes. Além da CNH válida, é necessário experiência de três anos na direção. “Em Las Vegas, dirigi um Lamborghini Aventador. Não pude mais viajar na pandemia e pensei em comprar um carro aqui, mas os custos são altos. Peguei a cota de um Mustang e amei a experiência. Acabei conhecendo outras pessoas com a mesma paixão”, conta o desenvolvedor de software Mikael Malanski, que também é cotista de um Porsche 718 Boxster na Auto Fraction.

O sistema é parecido com o da loja virtual Motorholics Brasil, inaugurada em janeiro deste ano. A rotatividade do carro é combinada em pontos de troca em Alphaville, Vila Olímpia e São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, ou ele é retirado em domicílio por uma plataforma de transporte a partir de 500 reais. As cotas dos veículos variam de 45 900 (preço de parte do Chevrolet Camaro SS V8) a 649 900 reais (custo de um terço do Lamborghini Huracan 2015 LP 610-4). O contrato é válido por um ano, com possibilidade de renovação. Depois disso, os cotistas têm a opção de vender suas cotas a outros compradores.

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“Se um carro comprado por 200 000 reais fosse vendido por 150 000, você perderia 50 000. No sistema de cotas, essa perda seria de 16 666,66”, explica Moscardi. O uso de automóveis populares também passa por mudanças. Uma pesquisa da Turbi, locadora digital de veículos, feita com 6 000 paulistanos, revelou que 74% acreditam que o carro passou a ser um serviço, e não mais um bem. “Circulo pela cidade diariamente. Vendi meu carro e passei a alugar automóveis apenas nos horários em que preciso”, conta o corretor de imóveis José Ayres, 58.

Modelo do carro Kwid preto
Modelo Renault Kwid: o mais barato nos planos de assinatura (Divulgação/Divulgação)

A empresa lançará na próxima semana pacotes mensais de aluguel de automóveis a partir de 2 300 reais. Cada quilômetro rodado custa 0,60 centavo e a gasolina não é cobrada. Os veículos são retirados e devolvidos em qualquer um dos 500 estacionamentos conveniados pela cidade. Outras opções também estão disponíveis no mercado, com contratos de assinatura de doze a 48 meses e limite de quilometragem, geralmente de 500 a 2 000 por mês, por um preço fixo, que engloba documentação, IPVA, licenciamento, seguro, revisões e a revenda.

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O processo de locação pode ser feito on-line, basta comprovar renda e retirar o veículo na concessionária ou unidade credenciada mais próxima. Em São Paulo, as empresas Porto Seguro, Unidas, Localiza e Movida e as montadoras Flua! (modelos da Fiat e da Jeep), Renault (Renault on Demand) e Volkswagen (VW Sign and Drive) oferecem o serviço. Um dos modelos mais acessíveis, o Renault Kwid Zen 1.0, tem mensalidade de 1 299 reais por dezoito meses, ou 1 269 por 24 meses, ambos com limite mensal de 1 000 quilômetros.

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Publicado em VEJA São Paulo de 23 de junho de 2021, edição nº 2743

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