Nenhum quadro de Salvador Dalí tem uma história tão surreal quanto Femme à Tête de Roses. O artista finalizou a tela em 1935. Só a reviu três décadas e meia depois, quando, sentado no lounge do Le Meurice, seu hotel favorito em paris, foi abordado por um colecionador, bem vestido e poliglota, que lhe pediu para autenticar a obra. Ansioso por incluí-la na sua única retrospectiva na capital francesa, no Centre Pompidou, Dalí a recomprou. Femme, então, foi estrela de uma nova galeria parisiense e apareceu de soslaio em uma foto na coluna social da revista Vogue francesa. Semanas depois, em Zurique, distraída folheando a edição, a antiga dona reconheceu a tela, roubada havia três anos do Kunsthaus. Polícia acionada, o quadro voltou ao museu da cidade suíça, de onde não sairá para a primeira grande retrospectiva desde a morte do surrealista, em 1989, no mesmo Pompidou. Aos curiosos, resta uma fração de peso de Femme: a cadeira Leda, feita com 40 quilos de bronze, destaque do canto esquerdo inferior da tela. O móvel virou tridimensional pelas mãos do escritório BD Barcelona, que tem aval da Fundação Gala-Salvador Dalí para tirar do papel — ou do quadro — todo e qualquer objeto criado pelo artista. Philippe Starck decorou o restaurante do Le Meurice, cenário do encontro do pintor com o larápio de boas maneiras e batizado devidamente de Le Dalí, com exemplares da Leda. Para reproduzir a cena surreal em casa, basta encomendar a peça na Micasa, em são paulo (R$ 124 860,00).
Dalí. De 21 de novembro a 25 de março de 2013. Ingresso a 13 euros. Centre Pompidou, Paris.