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Panorama da Arte Brasileira completa 55 anos com edição no MAC

38ª edição da mostra bienal do MAM mudou de local por reformas no espaço e apresenta 130 obras de artistas de dezesseis estados brasileiros

Por Ana Mércia Brandão, Humberto Abdo
4 out 2024, 07h00
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O trio curatorial do 38º Panorama da Arte Brasileira: Germano Dushá, Thiago de Paula Souza e Ariana Nuala (Leo Martins/Veja SP)
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O Museu de Arte Moderna (MAM) inaugura o 38º Panorama da Arte Brasileira no sábado (5), em novo local. Por causa de uma reforma na marquise do Parque Ibirapuera, a mostra atravessa a Passarela Ciccillo Matarazzo para se abrigar no Museu de Arte Contemporânea (MAC), da USP. A edição da mostra bienal, que completa 55 anos em 2024, intitula-se Mil Graus e será norteada pelo sentido de transformação, física ou metafísica.

“Esse é um título ambíguo, de uma gíria que carrega a ideia de intensidade, seja boa ou ruim, como algo que está mesmo pegando fogo”, reflete Thiago de Paula Souza, 38, um dos curadores. “Pode ser associado ao que estamos vivendo agora com as queimadas criminosas e as mudanças climáticas, mas a princípio escolhemos o fogo como elemento que possibilita a transmutação.”

Thiago se juntou ao curador Germano Dushá, 35, e à curadora-adjunta Ariana Nuala, 31, para selecionar 34 artistas de dezesseis estados brasileiros e diferentes gerações que formam a exposição de 130 obras, 79 delas inéditas. Esculturas do mato-grossense Paulo Pires dividem espaço com uma série de desenhos sobre pedra da mineira Maria Lira Marques e com fotografias do paraense Labo e da amazonense Rafaela Kennedy.

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Fotografias de Labo e Rafaela (Leo Martins/Veja SP)

O calor do título está presente quase literalmente na obra de Paulo Nimer Pjota, 36, que constrói um mar de fogo em um mural com cinco pinturas inéditas, expostas em um painel em grande escala. O artista de São José do Rio Preto povoa o trabalho com seres de um imaginário mitológico medieval. “Gosto de unir essas iconografias que cruzam os limites entre o popular e o histórico”, explica.

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Painel com cinco telas inéditas de Paulo Nimer Pjota (Leo Martins/Veja SP)

A questão do mito e da espiritualidade perpassa outros trabalhos. Adriano Amaral, 42, constrói a instalação inédita Cabeça-d’água (2024), uma estrutura arquitetônica octogonal feita de MDF e plástico logo na entrada do térreo do MAC. “Criei um espaço dentro do espaço”, resume. Lá dentro, uma espécie de batismo acontece. Pendurada ao teto no meio do octógono, uma estrutura formada por crânios de silicone em formato de cruz desce, em movimento vertical repetitivo, e é banhada em um tanque de inox localizado no chão do espaço. Tudo é decorado com peças inéditas da série Pinturas Protéticas (2022), também construídas com silicone.

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Desenho em pedra de Maria Lira Marques (Leo Martins/Veja SP)
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‘Os Desejos da Pedra’ (2023), de Paulo
Pires: Mato grosso no Panorama (Leo Martins/Veja SP)

A natureza está presente em criações como Animais e Ornamentos, da paulistana Marina Woisky, 28, um conjunto de trabalhos em tecido e estamparia preenchidos com cimento que formam paisagens a partir da metamorfose dos bichos. “Gosto de pensar que ‘mil graus’ é o momento, a potência”, diz Marina. “Meu trabalho tem a mudança do estado da matéria e da dimensão, uma fotografia que vira corpo ou um estado líquido que se torna sólido, esse movimento de uma coisa parecer outra.”

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Animais ornamentais: instalação de Marina Woisky (Leo Martins/Veja SP)
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Novidade do 38º Panorama, um ambiente 3D composto por obras digitais e representações tridimensionais de criações físicas ficará acessível de forma gratuita durante toda a exibição, assim como o novo podcast Mil Graus, dividido em seis episódios com as histórias de alguns dos coletivos e artistas participantes desta edição.

MAC-USP (térreo e 3º andar). Parque Ibirapuera. Avenida Pedro Álvares Cabral, s/nº, Vila Mariana, ☎ 5085-1300. A partir de sábado (5). Ter. a dom., 10h/21h. Até 26/1/2025. Grátis.

Publicado em VEJA São Paulo de 4 de outubro de 2024, edição nº 2913.

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