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Amir Haddad e Renato Borghi, fundadores do Oficina, celebram setenta anos de amizade em peça

"Haddad e Borghi: Cantam o Teatro, Livres em Cena", no Sesc Consolação, relembra a trajetória dos artistas desde o encontro na faculdade de direito da USP

Por Melina Dalboni
Atualizado em 23 set 2025, 14h46 - Publicado em 18 set 2025, 17h00
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Renato Borghi (à esq.) e Amir Haddad: duas lendas dos palcos juntas, em cartaz até o dia 28 no Sesc Consolação (Cristina Granato/Divulgação)
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Há encontros artísticos que só os deuses do teatro podem explicar. Em meados da década de 1950, três mestres das artes cênicas brasileiras se conheceram ao entrar na faculdade de direito. Os universitários eram o mineiro Amir Haddad, o carioca Renato Borghi e o paulista José Celso Martinez Corrêa (1937-2023). Por linhas tortas, a USP uniu os três nomes que fundaram juntos a então Companhia Teatro Oficina, em 1958.

Esta é apenas uma das histórias de setenta anos de amizade e amor aos palcos na peça “Haddad e Borghi: Cantam o Teatro, Livres em Cena”, em cartaz até 28 de setembro no Teatro Anchieta, no Sesc Consolação.

Haddad desistiu da universidade no meio do curso. Zé Celso e Borghi até chegaram a se formar em direito. “A gente ensaiava até de madrugada. A aula era às 7h da manhã, eu sentava na última cadeira da fila de óculos escuros e dormia. O apelido dos óculos era travesseiro. Quando chegava a hora do exame, a gente decorava tudo como nas peças”, conta Borghi.

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Zé Celso (com a mão no queixo) e Borghi (no centro) na missa de graduação em direito na USP: onde eles e Haddad se conheceram (Acervo Pessoal/Reprodução)

Os ensaios eram em uma carvoaria que teve as paredes empretecidas pintadas de branco pela trupe. “O Amir foi o meu primeiro diretor”, lembra Borghi.

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São muitas as coincidências que os unem. Borghi e Haddad nasceram em 1937, assim como Zé Celso, também homenageado na montagem. Hoje, os dois têm 88 anos e estão juntos no palco. “Vê-los em cena é testemunhar a força, a resistência, a arte em sua grandeza e a história do teatro e do Brasil. O Amir é meu mestre e meu norte. Comecei com ele e nunca mais nos distanciamos. E o Renatinho é um dos nossos maiores atores”, diz a atriz Renata Sorrah, que assistiu à peça na temporada carioca.

“Amir e Renato são a história viva do teatro
brasileiro, a escola, a linguagem e a estética.”
Eduardo Batata

A ideia do espetáculo surgiu em um jantar em homenagem a Borghi no Rio de Janeiro, no apartamento do produtor Eduardo Barata, que assina criação, direção e texto (ao lado de Elaine Moreira). Haddad, fundador do grupo de teatro Tá na Rua, era um dos convidados. Os dois amigos começaram a relembrar as muitas histórias, como a criação do Oficina e a polêmica saída de Haddad da companhia depois que Zé Celso trocou a fechadura sem avisá-lo.

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“Amir e Renato são a história viva do teatro brasileiro, a escola, a linguagem e a estética”, analisa Barata, que também é presidente da APTR, a Associação de Produtores de Teatro, e está filmando os ensaios e as temporadas para um documentário.

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(Daniella Nanni/Divulgação)

Para o historiador e ator Daniel Marano, Haddad e Borghi foram verdadeiros descolonizadores do teatro brasileiro, protagonistas de um capítulo decisivo da nossa cultura: a ruptura cênica que nos emancipou da tutela europeia e fez florescer um teatro moderno, contestador e profundamente enraizado em nossa realidade. “Assistir a esses dois em cena, aos 88 anos, é celebrar não apenas o que fizeram, mas o que ainda são capazes de fazer e inspirar”, diz Marano.

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A produção mistura elementos de ópera, circo, artes visuais e Carnaval. A dupla vai relembrando suas histórias nos palcos, provocada pelo elenco formado por Débora Duboc, Elcio Nogueira Seixas, Duda Barata e Máximo Cutrim.

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Amir Haddad e Zé Celso: raízes do Oficina (Acervo Pessoal/Reprodução)

Esta temporada marca a volta de Haddad à cena teatral paulistana — onde não ficava em cartaz desde os primórdios do Oficina. “Estou muito emocionado e instigado por voltar a São Paulo após tantos anos. Eu e o Borghi juntos mais uma vez. Temos vidas teatrais que estão muito conectadas”, lembra o diretor.

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Em mais de sete décadas de teatro, Haddad já dirigiu mais de 400 peças, mas estreia como ator na capital paulista: “Ser ator é uma experiência nova e muito confortável para mim. Desfruto totalmente do prazer em fazer teatro, sem preocupações. É onde me sinto pleno agora”.

Publicado em VEJA São Paulo de 19 de setembro de 2025, edição nº2962.

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