Casa das Rosas reabre renovada e com exposição de arte contemporânea
Mostra apresenta a história do imóvel, o processo da reforma e uma série de trabalhos de artistas diversos sobre o conceito de urbanidade
Após dois anos fechada, a Casa das Rosas reabre ao público neste sábado (28). O casarão histórico na Avenida Paulista passou por um restauro estrutural das marcas de deterioração, instalação de recursos de acessibilidade e recuperação das características originais do imóvel. As obras tiveram um custo de 4,2 milhões de reais e foram 100% financiadas pelo governo estadual.
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Em celebração ao retorno, o espaço recebe a exposição Vivências do Novo nos dois primeiros andares. Enquanto o térreo apresenta a história da casa e o processo de restauro, o primeiro andar reunirá obras de quinze artistas contemporâneos, que abordam o conceito de urbanidade. “Essa reabertura serve para pensar o entendimento da Casa das Rosas como um espaço de resiliência histórica na cidade e na Avenida Paulista, que é um lugar tão diverso e plural”, comenta Paula Borghi, curadora da seção contemporânea da mostra, a Dimensão Cidade.
Os artistas são de diversas origens, com trabalhos que se relacionam de alguma forma com a capital, e estão em uma faixa etária de 30 a 90 anos. “Houve uma preocupação em trazer pessoas que não falassem de um único lugar e ter uma variedade etária, racial, de sexualidade e gênero”, ela acrescenta.
As obras exploram diferentes formatos, da pintura e escultura à performance, instalação e audiovisual, em um “híbrido de linguagens, com um diálogo próximo com a literatura”, segundo a curadora. A instituição cultural homenageia o poeta Haroldo de Campos (1929-2003), símbolo do movimento concretista brasileiro, e armazena seu acervo com mais de 20 000 itens.
Com a recuperação dos atributos históricos, a ideia é que a própria casa faça parte da exposição. Ao caminhar pelos cômodos, o visitante poderá observar não só as obras de arte, mas também as características originais do casarão tombado, como os papéis de parede e os banheiros. Nesse âmbito, os trabalhos selecionados têm predominantemente uma paleta de cores neutra, para representar a cidade, enquanto a casa em si é colorida.
“A construção deixa de ser um invólucro e também se mostra como um documento”, diz Antonio Sarasá, diretor do Estúdio Sarasá, que realizou o restauro. “Nos banheiros, fizemos a limpeza, a conservação dos mármores, o restauro dos azulejos e outros procedimentos para resgatar o potencial dos materiais que representam saberes e fazeres da época, intrínsecos a esta casa.”
Construída em 1935 pelo escritório de Ramos de Azevedo, a Casa das Rosas abrigou membros da família até 1986, quando foi vendida ao empresário Mário Pimenta Camargo e ao arquiteto Júlio Neves, que construíram um edifício comercial nos fundos do terreno, para arcar com os custos da preservação. Em 1991, ela foi desapropriada e passou a funcionar como uma galeria de arte, até ser fechada para reformas, em 2001. Três anos depois, foi reinaugurada como Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, e assim continua.
Publicado em VEJA São Paulo de 27 de outubro de 2023, edição nº 2865