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Projeto de Mauricio Arruda na CASACOR tem cores do Parque da Água Branca

Entenda estudo da pesquisadora Maibe Maroccolo, que extraiu cores de pigmentos de árvores no local para criar paleta do ambiente

Por Mattheus Goto
15 jun 2025, 08h00
Projeto de Mauricio Arruda na CASACOR
Projeto de Mauricio Arruda na CASACOR (Maura Mello/Divulgação)
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A mudança de endereço da CASACOR para o Parque da Água Branca ofereceu aos profissionais participantes um novo horizonte de possibilidades arquitetônicas. A natureza entrou em cena como protagonista não só em projetos de paisagismo, mas de decoração e interiores também.

Um dos espaços com onipresença vegetal é o de Mauricio Arruda, que contou com a colaboração de Maibe Maroccolo para definir a paleta de cores, baseada em uma investigação dos pigmentos das árvores do local.

O arquiteto recebeu o convite da Coral, marca de tintas patrocinadora, para criar o espaço de 141 metros quadrados, com sala de jantar, living, cozinha, quarto e banheiro. Pautado pelo tema Semear Sonhos, ele pensou no livro de Maibe, lançado no ano passado, A Natureza das Cores Brasileiras.

Mauricio Arruda
Mauricio Arruda (@yellowstudio/Divulgação)
Maibe Maroccolo
Maibe Maroccolo (Thamires Gomes @sundayslices/Divulgação)

 

 

“Foi a inspiração para o tema do futuro próximo em diálogo com a natureza, de forma harmoniosa”, comenta Arruda.

A partir de um levantamento prévio, Maibe mapeou as plantas tintoriais (aquelas providas de pigmentos naturais que podem ser extraídos) presentes no parque. Foi ao local fazer identificações, conferir nomes científicos e testar o potencial de algumas.

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Entre mais de 200 espécies ali presentes, chegou a vinte candidatas e desdobrou cada uma em três tonalidades diferentes, somando sessenta cores naturais. O arquiteto, então, selecionou dez e encontrou tons correspondentes.

Sala de jantar no projeto de Mauricio Arruda
Sala de jantar no projeto de Mauricio Arruda (Maura Mello/Divulgação)
Cascas de aroeira
Cascas de aroeira (Thamires Gomes @sundayslices/Divulgação)
Cascas de jacarandá
Cascas de jacarandá (Thamires Gomes @sundayslices/Divulgação)

As escolhidas foram: ipê-roxo (castanha-ribeirinha na cartela da Coral), jacarandá (tâmara), aroeira (fogão de lenha), abacateiro (areia de canoa), pau-brasil (púrpura marroquina), amoreira (jangadeiro), eucalipto (bege amuleto), jenipapo (vista da cidade), nespereira (linhaça) e pau-ferro (ocre profundo). Em detalhes, podem ser vistas ainda tonalidades advindas de pinheiro, goiabeira, mangueira, jambeiro, cedro e urucum.

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Mas, afinal, como se extrai essas cores de plantas? No projeto Mattricaria, fundado por Maibe em 2013, funciona assim: ela coleta materiais como folhas, frutos e cascas de árvores de uma determinada espécie e realiza um processo de decocção, “como se fosse um chá da planta”.

Em seguida, faz um tingimento natural e o aplica em algodão e seda. Depois, “brinca” com reagentes, como sulfato de ferro e carbonato de sódio, para alterar o pH do corante e descobrir o potencial de cores da planta.

Quarto de Mauricio Arruda na CASACOR
Quarto de Mauricio Arruda na CASACOR (Maura Mello/Divulgação)
Azul do jenipapo
Azul do jenipapo (Thamires Gomes @sundayslices/Divulgação)

“Da casca da cebola, eu faço um extrato amarelo, mas também consigo terracota, ocre, mostarda, verde, marrom”, diz a pesquisadora. “É algo que possibilita aumentar a paleta de cores brasileiras.”

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Brasiliense, Maibe formou-se em moda e ficou impactada com o descarte de substâncias químicas sem o devido tratamento. “Comecei a estudar alternativas e acabei me reconectando com as mulheres da minha família. Minha avó fazia tingimentos naturais de lençóis e roupas, minha mãe também, com roupinhas de boneca”, conta.

Desde 2013, catalogou mais de 800 plantas, entre nativas e exóticas, que fazem parte da cultura brasileira.

Cozinha assinada por Mauricio Arruda
Cozinha assinada por Mauricio Arruda (Maura Mello/Divulgação)
Eucalipto
Eucalipto (Thamires Gomes @sundayslices/Divulgação)
Folhas de pau-brasil
Folhas de pau-brasil (Thamires Gomes @sundayslices/Divulgação)
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Folhas de amoreira
Folhas de amoreira (Thamires Gomes @sundayslices/Divulgação)

Para além das tonalidades, Maibe também busca contar a história de cada espécie. “Por trás de uma cor, tem uma planta. E por trás dela, um território, uma cultura, uma identidade, um grupo de pessoas e saberes populares”, explica.

Três exemplos são a aroeira, utilizada por benzedeiras e curandeiros por suas propriedades medicinais, o urucum e o jenipapo, associados à expressão cultural dos povos originários.

A alma brasileira também está presente no mobiliário e na decoração, com uma combinação de artesãos de diferentes estados e designers contemporâneos do país, como Tiago Curioni, Estúdio Rain e Pedro Ávila.

“Nosso sonho é de uma casa genuinamente brasileira, diversa, rica, criativa e corajosa”, acrescenta Arruda. “O desejo era que os visitantes entrassem e se sentissem possíveis moradores.” A CASACOR vai até 3 de agosto.

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CASACOR 2025 — Parque da Água Branca. Rua Dona Ana Pimentel, 37. → Ter. a dom., 11h/20h. R$ 121,00 e R$ 200,00 (visita guiada). Grátis ter. e qua., a partir das 18h. appcasacor.com.br.

Publicado em VEJA São Paulo de 13 de junho de 2025, edição nº 2948

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