Comédia ‘Para Maiores’ é o ápice do politicamente incorreto
Com elenco estelar e sequências ultrajantes, a fita não serve para qualquer espectador: pode deixar a plateia boquiaberta
Quem julgava transgressor o humor de Sacha Baron Cohen (de Borat, Bruno e O Ditador) ainda não viu nada. A comédia Para Maiores representa uma radical empreitada para gostar ou odiar. Trata-se da reunião de catorze episódios, dirigidos por treze cineastas, que envolvem escatologia, sexo e preconceitos, protagonizados por um elenco estelar. A fita definitivamente não serve para qualquer espectador: repleta de sequências ultrajantes, pode deixar a plateia boquiaberta.
Para dar liga às pequenas histórias, há uma trama tola. Dois adolescentes armam uma pegadinha e pedem ao garoto que será alvo da chacota para encontrar na internet um filme proibidíssimo. Ele vai atrás do tal Movie 43 e depara com curtas absurdos. Exemplo: num esquete estrelado por Kate Winslet, Hugh Jackman faz um personagem rico, bonito, solteiro e com um problema incomum no pescoço. Quer mais? Naomi Watts, na pele de uma mãe linha-dura, educa o filho na base do bullying e de maneira insensatamente imoral. Vivendo o dono de uma fábrica, Richard Gere levou às lojas um rentável tocador de MP3 no formato de mulher em tamanho natural. De rolar de rir, Halle Berry e Stephen Merchant vivem um casal que, durante um encontro às escuras, decide ousar numa brincadeira íntima e parte para desafios muuito excêntricos. Encerrando o longa-metragem, o personagem de Josh Duhamel possui um gato (feito em tosca animação). Além de invejar a namorada dele (Elizabeth Banks), o felino se satisfaz sexualmente de um jeito curioso, mas é melhor nem entrar em detalhes.
Mesmo com excessos e alguns episódios pouco inspirados, a fita acerta o alvo do politicamente incorreto. Para Maiores segue a linha travessa dos trabalhos de Baron Cohen e dos irmãos Peter e Bobby Farrelly (O Amor É Cego) — Peter é aqui um dos produtores e dirige três filminhos. Estão na mira dos enredos piadas com judeus, negros, cegos e até duendes. O tom transita do misógino ao feminista. Numa salada de tipos saídos de mentes férteis, prevalecem a bizarrice e o humor para poucos.
AVALIAÇÃO: ✪✪✪