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Comunidade artística protesta contra fechamento de Oficinas Culturais

Secretária Marilia Marton afirma que existem novos planos para o setor

Por Ana Mércia Brandão
Atualizado em 20 mar 2024, 22h41 - Publicado em 20 mar 2024, 22h40
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Manifestantes protestam contra fim do Programa Oficinas Culturais em ato no Theatro Municipal, nesta quarta-feira (20). (Ana Mércia Brandão/Veja SP)
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Um ato foi realizado pelos profissionais da cultura nesta quarta-feira (20) em frente ao Theatro Municipal, na região central da capital paulista. Entre as pautas levantadas estava o fim do Programa Oficinas Culturais, da Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativa do Estado de São Paulo, e gerenciado pela Poiesis (Instituto de Apoio à Cultura, à Língua e à Literatura), responsável por promover cursos e atividades culturais, como shows e feiras literárias, na capital e no interior.

“Meus filhos foram criados frequentando as oficinas Oswald de Andrade e Amácio Mazzaroppi, e eu fico muito triste de ver esse desmonte, fechamento de oficina e esvaziamento da cultura”, conta Lourdes Capi, presente no ato.

O ator Pascoal da Conceição, conhecido por papéis no teatro e na TV, afirma que há “um histórico desmonte no setor cultural, tanto municipal, quanto estadual”. “Estou aqui, como homem da cultura, me manifestando contra isso”, resume.

A revolta dos manifestantes sobre o destino das Oficinas Culturais nasce de uma resolução publicada no Diário Oficial do Estado na última quinta-feira (14), que determinou a revogação do edital de convocação para o Programa Oficinas Culturais. A ação, que, na prática, significa o fim do programa, pegou os trabalhadores de surpresa, uma vez que o chamamento para o novo ano do projeto aceitaria inscrições até esta segunda-feira (18).

Atualmente, existem três Oficinas Culturais na capital, a Oswald de Andrade, no Bom Retiro, a Alfredo Volpi, em Itaquera, e a Juan Serrano, na Brasilândia. O contrato de gestão da Poiesis se encerra no dia 30 de abril, quando o programa será oficialmente finalizado.

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O plano da Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativa é criar um novo programa de formação de profissionais da cultura, chamado de Cult PRO, por um entendimento de que o Programa Oficinas Culturais foi “descaracterizado de sua finalidade”, como descreve a secretária de Cultura do Estado, Marilia Marton.

“A Secretaria entendeu que era hora de retomar o verdadeiro sentido do programa, de podermos formar profissionais da área da cultura e colaborar para que esses profissionais tenham sua trajetória facilitada”, resume Marton.

Para Aimar Labaki, que já atuou como diretor de uma Oficina nos anos 1990 e, desde então, continua a frequentar e utilizar os espaços, “não há justificativa possível para fechar esse espaço ou trocar sua ocupação”. O dramaturgo e diretor ressalta que “não houve diálogo com a comunidade local” e considera “irresponsável” o cancelamento do edital sem aviso prévio.

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Marton afirma que as Oficinas Culturais, nos últimos anos, usam o dinheiro da cultura para “programas paralelos ou distorcidos”, como, exemplifica, “cursos de bonsai”. Como outro problema, ela cita: “Durante a criação do programa, os secretários de Cultura do interior foram muito ouvidos e muitas vezes ouvimos que o programa não atendia mais a demanda do interior”.

O Cult PRO terá como sede o prédio da Oficina Oswald de Andrade e usará parcerias com outros espaços, incluindo casas de cultura do município, para a oferta de cursos que, segundo a secretaria, vão durar entre 16h e 120h, sempre presencialmente e, também, no interior, “de acordo com a demanda”.

Segundo Marton, o chamamento público para o novo programa será lançado entre 15 e 20 dias e as atividades devem começar em agosto. “Os programas que estavam dentro das Oficinas e que são dedicados à cultura permanecem no novo chamamento. Outros que não tem essa dedicação estão excluídos”, diz.

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Para a atriz Fani Feldman, o novo programa não será eficaz. “O prédio da Oswald é público, mas o que é o prédio sem o programa das oficinas?”, questiona a artista, que considera os espaços das Oficinas como locais imprescindíveis de “encontro e troca”.

A atriz, que passou os últimos meses ensaiando na Oswald, ação que se tornou hábito para ela nos últimos 20 anos, classifica o fim do Programa Oficinas Culturais como uma “perda incalculável”. “Acabar com esse espaço é como se estivessem tirando a nossa casa”, fala.

“Além de tudo, são artistas desempregados, 15 a 20 artistas por mês que são contratados em cada unidade e não só os artistas. O principal é o público, que não vai ter mais nada, e a rede de funcionários, mais de 40. Eu soube que a galera já recebeu aviso prévio”, acrescenta.

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Para Marilia Marton, “mudança nunca é fácil, as pessoas, por natureza, ficam aflitas, mas o próprio setor vai entender que isso é um avanço importante para o setor, porque é uma demanda do próprio setor”.

Um abaixo-assinado contra o fim do Programa Oficinas Culturais foi iniciado na noite desta terça-feira (19) e, até agora, conta com mais de 17 mil assinaturas. Outro ato será realizado no próximo sábado (23), às 11h, em frente à Oficina Cultural Oswald de Andrade, na Rua Três Rios, 363, Bom Retiro.

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