Avatar do usuário logado
OLÁ,

Forrós lésbico, não-monogâmico e feminista trazem pautas sociais para a dança tradicional

Grupos buscam combater o assédio e a heteronormatividade nos bailes

Por Laura Pereira Lima
5 abr 2025, 06h00
forro-nao-mono
Forró Não-Mono: festas mensais  (Fábio Cruz/Divulgação)
Continua após publicidade

Entre passos ritmados e abraços apertados, o forró pulsa na capital paulista, conquistando novos espaços e adeptos. Mas, para muitas mulheres, nem sempre é festa. A proximidade dos corpos tensiona limites do consentimento e abre brechas para diferentes formas de assédio. “O forró era um ambiente bastante machista, sexualizado e heteronormativo”, explana Íris de Franco, que começou a frequentar esses bailes no fim da década de 90.

Ela criou o forró Mulheres que Conduzem em 2014, após ser proibida de aprender a conduzir a dança nas escolas que frequentava. Hoje, ela organiza aulas semanais voltadas para o público feminino — além de pessoas trans e não binárias. “O papel da condução tem um valor atribuído a ele porque é tipicamente executado por homens”, explica a professora, que incentiva as alunas a explorarem ambas as posições na dança.

Assim como Íris, Ana Cunha também busca expandir e tornar a dança mais inclusiva. A repórter cinematográfica fundou, há pouco mais de um ano, o Forró Não-Mono. “Queria levantar a pauta de afeto, respeito e liberdade”, aponta. A não monogamia é a principal bandeira levantada pelo grupo, que também acolhe pessoas monogâmicas. Para sua surpresa, logo na primeira festa, os 450 ingressos disponíveis se esgotaram. Com o sucesso da iniciativa, Ana, que nos espaços tradicionais não conseguia se entregar de corpo e alma ao bailado e evitava olhar nos olhos do par, com medo de ser mal interpretada, decidiu criar o Forró Sapatão, para mulheres lésbicas, bissexuais e transgênero. “Existe uma linha muito tênue entre dança e flerte”, explica.

Forró Sapatão
Forró Sapatão: entrega total (Fábio Cruz/Divulgação)

Os novos bailes surgem no embalo do Plano de Salvaguarda elaborado em novembro de 2024 pelo Iphan para a preservação e valorização do ritmo, registrado como patrimônio cultural em 2021. O Mulheres que Conduzem, por exemplo, recebe uma quantia de 50 000 reais anualmente, ainda insuficiente para bancar a operação, tocada por dez pessoas. Não deixa de ser, contudo, um começo na busca por mais inclusão na dança.

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe semanalmente Veja SP* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de São Paulo

A partir de 35,90/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.