Georgette Fadel se desdobra com três peças em cartaz
A atriz ainda se prepara para dirigir Marat Descartes e Camila Pitanga em montagens com estreia marcada para o segundo semestre

Georgette Fadel concatena as palavras na mesma velocidade em que trabalha. Com três espetáculos na cidade – Barafonda, Entrevista com Stela do Patrocínio e Música de Gaveta — Con(s)certo Para Piano e Atrizes —, a atriz e diretora se desdobra nos ensaios das derradeiras apresentações de Gota D’água — Breviário (cuja atuação lhe valeu um Prêmio Shell) e em outros projetos para os próximos meses.
Em Entrevista com Stela do Patrocínio, Georgette interpreta uma mulher que por trinta anos ficou confinada na Colônia Júlio Moreira, no Rio, considerada esquizofrênica. Em formato parecido, mescla de show e espetáculo, piano e voz, em Música de Gaveta — Con(s)certo Para Piano e Atrizes, a atriz divide o palco com Lincoln Antonio e Isabel Teixeira. Por fim, com linguagem bastante distante das anteriores, Barafonda, cuja estreia ocorreu no ano passado, é um espetáculo de rua no qual um time de mais de vinte atores e músicos narram a história da Barra Funda, na zona oeste.
“Durante o dia, eu retomo os ensaios de Gota D’Água. Faz muito tempo que não a encenamos, e precisa ser vivíssima, como se fosse a primeira vez. Sobretudo porque estas serão as duas últimas apresentações da peça. Mas por causa dos novos projetos, ando ensaiando até de madrugada”, afirma a atriz, referindo-se a dois novos trabalhos com a Cia. São Jorge de Variedades, e a direção de duas novas peças: O Duelo, parceria entre a Mundana Companhia de Teatro com Camila Pitanga, e o monólogo O Natal de Harry, de Steven Berkoff, interpretado por Marat Descartes. A apresentação deve ocorrer no Festival Cultura Inglesa. Com a São Jorge, companhia da qual é integrante, Georgette trabalha em um espetáculo infantil que deverá se chamar Festinha de São Jorge e uma adaptação do clássico Fausto, de Goethe, com prováveis elementos de teatro de rua.

Embora pareça onipotente, Georgette confessa que ficou intimidada com os projetos simultâneos: “Fiquei com medo de confundir tudo. Além de Stela do Patrocínio e Con(s)certo Para Atrizes e Piano, eu estava em cartaz com Não, Não, Perdão! que também é no formato piano e voz. Achei que ia misturar a letra e a melodia de tudo”. Por outro lado, a atriz percebe que um espetáculo acaba complementando outro, e lhe dando mais possibilidades de construção dramática: “Quando estou sendo Stela, há algo de Gota D’Água; quando estou fazendo o Con(s)certo, sinto um pouco do Não, Não, Perdão. Sou como um catalizador. Sou um filtro de todo esse material que me atravessa”, afirma.

Apesar de os projetos terem sido concebidos em tempos distintos — Entrevista com Stela do Patrocínio, por exemplo, nasceu há dez anos —, quando vistos no conjunto, segundo Georgette, lhe dá quase uma sensação de retrospectiva de sua carreira. “É como se eu estivesse fazendo uma mostra de repertório para mim mesmo”, reflete. “Mas este canto do cisne tem motivo: estou encerrando um ciclo e começando outro. Quero me recolher e recuperar meu fôlego como diretora”, explica a atriz, que aproveita para desmentir um mal entendido: recentemente, um jornal publicou que ela participar do Terça Insana da Grace Gianoukas, o que, a princípio, não é verdade. “Eu morro de medo do Terça. Não sou nem um pouco engraçada, no máximo um pouco cara-de-pau”, brinca.