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Grupos de bordado viram espaço de socialização para público 60+ e trazem benefícios para a saúde

Ponto em Verso, no Sesc Avenida Paulista, e o grupo de bordado da Biblioteca Raul Bopp são algumas das iniciativas que fortalecem vínculos na cidade

Por Laura Pereira Lima
Atualizado em 27 ago 2025, 11h14 - Publicado em 26 ago 2025, 16h51
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Grupo de bordado da Biblioteca Raul Bopp é remédio contra solidão (Acervo Pessoal/Reprodução)
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Há três anos, quando deixou Recife para morar em São Paulo, Irene Sampaio, 70, temia enfrentar a solidão na grande metrópole, onde só conhecia o filho. Ela encontrou alento nos encontros de bordado da Biblioteca Raul Bopp, no Parque da Aclimação, que frequenta religiosamente há um ano e meio. “Virou uma família”.

Apesar de não ser uma grande fã da técnica, ela se encantou com o grupo. “Na verdade, eu queria mesmo era ter um lugar para ir na sexta-feira, o bordado era só desculpa”, confessa a artesã, que se engajou tanto que hoje coordena o projeto. Depois das sessões, que acontecem entre 14h30 e 17h, as bordadeiras se reúnem para tomar um café — com direito a bolo quando é aniversário de alguma participante.

“Estou gostando muito de morar em São Paulo justamente por causa dessas conexões”, conta a recifense. E o vínculo se estende além dos encontros semanais, com passeios que vão desde uma visita ao Masp até sessões de cantoria no karaokê.

Outras iniciativas na cidade buscam transformar o bordado em um espaço de troca para pessoas 60+. No Sesc Avenida Paulista, Blenda Souto Maior toca o projeto Ponto em Verso, um clube que mistura literatura e artesanato, também voltado para o público mais velho. Com encontros mensais e gratuitos, entre julho e dezembro deste ano, a iniciativa convida os participantes a discutirem o livro do mês enquanto fazem bordados inspirados na leitura.

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Ponto em Verso incentiva criações artesanais inspiradas na literatura (Acervo Pessoal/Divulgação)
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O foco da curadoria é a literatura de autoria negra — tema do mestrado de Blenda, concluído em 2024, e do doutorado que cursa atualmente, ambos pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. “O bordado vira uma porta de entrada para que as pessoas acessem literaturas muito importantes na construção do pensamento crítico”, conta a doutoranda.

Juntos, os bordadeiros já leram “Estela Sem Deus” (Companhia das Letras; 184 págs.; R$ 74,90), de Jeferson Tenório e “Eu, Tituba: bruxa negra de Salem” (Rosa dos Tempos; 252 págs.; R$ 69,90), de Maryse Condé. O próximo encontro, em 3 de setembro, se debruçará sobre “Virgínia Mordida” (Companhia das Letras; 192 págs.; R$ 79,90), de Jeovanna Vieira.

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Trecho do livro “Estela Sem Deus”, lido no clube Ponto em Verso (Acervo Pessoal/Divulgação)
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“A curadoria que faço geralmente desperta temáticas da experiência feminina frente a violências e ao patriarcado. É muito interessante ver o público 60+ refletindo sobre isso e sobre as próprias vivências. Vejo muitas mulheres tomando consciência de que algumas coisas que viveram eram violências a partir do debate literário”, relata Blenda.

O hobby traz benefícios cruciais para a longevidade. O principal deles, segundo Rosa Chubaci, gerontóloga e professora da USP, é o fortalecimento da memória. “As artes manuais exercitam o cérebro, porque o artesão tem que focar na contagem dos pontos, por exemplo”. As práticas também auxiliam na coordenação motora, muitas vezes fragilizada por artroses, e a socialização promovida pelos clubes tem um papel fundamental na manutenção da lucidez. E quanto mais cedo melhor: “Se uma pessoa começar aos 30, 40, 50 anos, já vai beneficiar na velhice dela”, explica Rosa. Partiu para o armarinho mais próximo?

Publicado em VEJA São Paulo de 29 de agosto de 2025, edição nº2959.

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