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Livrarias de rua especializadas se expandem com curadoria e experiências

Enquanto grandes marcas vivem momento de crise, capital ganha na próxima semana a Aigo, uma pequena livraria no Bom Retiro

Por Mattheus Goto
20 jul 2023, 23h00
Aigo, nova livraria no Bom Retiro.
Aigo, nova livraria no Bom Retiro. (Nathalie Artaxo/Divulgação)
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A capital está prestes a ganhar uma nova integrante de seu circuito cultural literário. É a livraria Aigo, que abrirá as portas no Bom Retiro na próxima quinta-feira (27). O foco são livros que celebram as comunidades de imigrantes da cidade, principalmente do bairro em questão, onde há forte presença coreana.

A novata agrega ao movimento de disseminação de livrarias de rua especializadas, na direção oposta da crise enfrentada pelas grandes marcas, que têm como exemplo recente o fechamento da Livraria Cultura no Conjunto Nacional, na Paulista.

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A Aigo ocupa um espaço de 60 metros quadrados no térreo do Centro Comercial do Bom Retiro, construído na década de 1960 e projetado por Lucjan Korngold, um arquiteto judeu-polonês que migrou para o Brasil em 1940.

Uma das propostas da loja condiz com o local em que nasceu: curadoria literária com o objetivo de dar visibilidade a populações sub-representadas no mercado editorial, em temas como gastronomia, arte, arquitetura e infância. “O projeto veio da falta que sentíamos no bairro de um espaço do tipo”, conta Agatha Kim, sócia-fundadora junto de suas amigas Paulina Cho e Yara Hwang. “A gente nasceu e cresceu aqui e, em quase quarenta anos, nunca vimos uma livraria.”

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Novidade no Bom Retiro: Agatha Kim e Yara Hwang abrem livraria de rua com foco em imigrantes
Novidade no Bom Retiro: Agatha Kim e Yara Hwang abrem livraria de rua com foco em imigrantes (Nathalie Artaxo/Divulgação)

A loja vende obras em português e nas línguas originais, de cerca de 100 editoras. Mais do que a venda de livros, a ideia é movimentar o bairro com lançamentos e eventos, como encontros com tradutores. “Queremos que seja um lugar de encontro de diferentes comunidades”, acrescenta Yara.

Para Agatha, o modelo de pequenas livrarias é o caminho a ser seguido. “É o único jeito de fazer frente ao comércio eletrônico”, afirma. “São lugares que permitem o encontro dos leitores com livros, livreiros e a comunidade em volta. Isso já acontece em mercados mais maduros, como nos Estados Unidos e na Europa”, acrescenta.

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Fachada da livraria Miúda, na Pompeia. (Tereza Grimaldi/Divulgação)

No caso da Miúda, focada em livros para a infância, localizada na Pompeia, a experiência presencial tem mais uma vantagem. “Por serem obras voltadas para crianças, temos muito a questão da materialidade do objeto, de encostar, de se encantar”, comenta Tereza Grimaldi, criadora ao lado de Júlia Souto.

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Pautadas pela bibliodiversidade, elas trabalham com mais de 100 editoras de todo o país, além de atuarem na formação de professores e realização de feiras do livro em colégios como Santa Cruz e São Domingos. Embora não falem abertamente sobre vendas, estimam que uma média de 25 famílias visitem o espaço todo sábado — que é o dia mais movimentado.

Espaço lúdico: as professoras Júlia Souto eTereza Grimaldi abriram a Miúda em 2021
Espaço lúdico: as professoras Júlia Souto e Tereza Grimaldi abriram a Miúda em 2021 (Flavio Kauffmann/Divulgação)

Outras livrarias de rua na região central são a Megafauna, focada em diversidade, que fica no térreo do Copan, a Gato Sem Rabo, com foco na autoria feminina, localizada na Vila Buarque, e a Eiffel, especializada em arquitetura e urbanismo, na República. A primeira abriu em 2020, a segunda em 2021 e a terceira em dezembro do ano passado.

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“Essas livrarias estão crescendo de uma forma bem significativa”, afirma Leo Wojdyslawski, proprietário da Eiffel. “Não consigo vender pelo mesmo preço do e­-commerce, mas ofereço uma experiência totalmente diferente.

Publicado em VEJA São Paulo de 26 de julho de 2023, edição nº 2851

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