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No Mês da Consciência Negra, ‘Melodia Ancestral’ resgata a história apagada de maestro negro brasileiro

A diretora Beatriz Costa transforma a memória de seu avô, maestro da Orquestra Marabá, em um resgate da ancestralidade e do protagonismo negro no Brasil

Por Raquel Tiemi
Atualizado em 10 nov 2025, 17h07 - Publicado em 10 nov 2025, 13h38
Antônio Vaz de Nascimento, maestro negro da Orquestra Marabá
Antônio Vaz do Nascimento, maestro negro da Orquestra Marabá (HBO MAX/Divulgação)
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Quantas histórias negras foram barradas pelo racismo e não puderam ser contadas? Quantas sofreram com o apagamento histórico e foram esquecidas com o tempo? 

A segunda edição do Narrativas Negras Não Contadas estreia nesta segunda-feira (10), pela HBO MAX , e apresenta três minidocumentários sobre a negritude. São eles: Meu nome é Tiana, de Dafny Bastet; Camisa 9, de Guilherme Baptista, e Melodia ancestral, de Beatriz Costa, que se passa em São Paulo.

Beatriz, Dafny e Guilherme (da esquerda para direita)
Beatriz, Dafny e Guilherme (da esquerda para direita) (Willy Roberto/Divulgação)

Apagamento de um maestro negro

Melodia Ancestral simboliza o resgate e reivindicação de um espaço que foi ocupado pelo maestro negro, Antônio Vaz do Nascimento. O músico é avô de Beatriz, que conta sempre ter escutado a história da orquestra negra durante sua infância.

“É uma história que foi repetida para mim desde que eu me conheço por gente e, na minha cabeça crescendo, era algo comum, meu avô era negro e um maestro”, lembra. Foi só quando conheceu mais do mundo que Beatriz entendeu que não só não era comum, como ninguém conhecia essa história.

Antônio Vaz do Nascimento criou e regeu a Orquestra Marabá em bailes na periferia de São Paulo, entre as décadas de 1950 e 1980. Apesar de protagonizar uma trajetória de sucesso em que chegou a ocupar os palcos do Theatro Municipal da cidade e a gravar um disco, a história do maestro não chegou a todos e foi esquecida. Por isso, Beatriz assumiu a missão de investigar e recuperar registros das conquistas de seu avô.

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Orquestra Marabá em uma de suas apresentações
Orquestra Marabá em uma de suas apresentações (HBO MAX/Divulgação)

Apesar desta ter sido sua parte favorita da produção, a diretora também relata que sentiu um misto de felicidade e revolta. A alegria ao poder estar em locais que seu antepassado conquistou, mas com a indignação sobre a falta de registros e o apagamento sistemático da conquista de seu avô.

Ao não se encaixar em padrões da branquitude, figuras são embranquecidas ou apagadas historicamente, conforme evidenciado pelo documentário. “Essa história é um registro. Essa orquestra existiu. Ela foi relevante e, para história do Brasil, não só é o registro do meu avô, é o registro de um artista negro”, afirma Beatriz. 

Trecho de 'Melodia ancestral'
Trecho de ‘Melodia ancestral’ (HBO MAX/Reprodução)
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Mesmo após décadas depois do surgimento da orquestra negra regida pelo avô de Beatriz, sua existência e recuperação representam uma importância ainda atual. “Essa autoridade de reivindicar a nossa história de falar nós existimos e não [só] existimos a partir de hoje, nós sempre estivemos aqui, vocês que estavam escolhendo não nos olhar, é extremamente relevante”. 

Protagonismo em cada etapa

Adriana Cechetti e Maristela Zago da Warner Bros Discovery, envolvidas no desenvolvimento da iniciativa, ressaltam a importância do protagonismo negro desde a concepção de cada uma das produções. Originalmente um projeto britânico, elas apontam a relação de um projeto como o Narrativas Negras Não Contadas no Brasil, um país em que 56% da população se autodeclara preta ou parda.

“Foram mais de 500 inscritos que passaram pela primeira fase de seleção”, conta Adriana. O processo para a escolha das três histórias que seriam produzidas e veiculadas na HBO MAX passou por duas fases.

Esses 500 participantes passaram pela avaliação de uma banca diversa que considerou a viabilidade da projeto e de que forma essa narrativa dialogava com a identidade da plataforma do streaming.

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“É curioso porque quando escolhemos também temos esse olhar, por exemplo, por mais que a Beatriz tenha esse contato [com o audiovisual], ela nunca esteve nessa posição no mercado. […] Algumas pessoas até já fizeram outros projetos, mas em outras posições, nunca lideraram ou dirigiram. Foi um recorte que procuramos mesmo, realmente dar uma oportunidade pra uma pessoa que não teve até agora”, afirma Adriana.

A partir dessa seleção, foram escolhidos 10 semifinalistas, das regiões Norte, Nordeste, Sul e Sudeste do país, que passaram por um ciclo de cursos e discussões sobre o mercado e produção audiovisual. Uma das oportunidades foi a mentoria com a diretora, Chica Andrade.

Chica Andrade é diretora, roteirista, produtora e atriz
Chica Andrade é diretora, roteirista, produtora e atriz (Redes sociais/Reprodução)
“Ela [Chica] conseguiu criar uma atmosfera de suporte tão grande que, apesar de sermos 10 e só ter 3 vagas, então, era uma competição ao pé da letra, [eu] não sentia como uma competição, foi um processo muito colaborativo de falarmos da nossa história em voz alta, um tentar ajudar o outro”, lembra Beatriz.
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Os três curtas documentais já estão disponíveis no HBO MAX. “São histórias que falam sobre ancestralidade e passado, mas acho que o que queremos mesmo é tocar no presente e futuro. Entender o cenário que temos hoje e como colaboramos para mudar isso”, conclui Maristela.
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