Novo espetáculo do Grupo Xingó explora a interseção entre dança e teatro
'Estado Escuro' estreia no Sesc Belenzinho, trazendo um elenco formado apenas por mulheres

O Grupo Xingó, conhecido por sua trajetória na interseção entre dança e teatro, estreia o espetáculo “Estado Escuro” em São Paulo. As apresentações ocorrerão no Sesc Belenzinho no mês de dezembro. Com uma equipe formada somente por mulheres, a obra, dirigida por Ana Carolina Marinho e Dandara Azevedo, se destaca por sua abordagem inovadora e exploração de temas como ancestralidade, identidade e a complexidade das relações humanas.
O espetáculo convida o público a refletir sobre histórias pessoais e coletivas, destacando a reinvenção do vínculo entre as intérpretes Erika Moura e Gisele Calazans, que se reencontram no palco após uma década.
A montagem utiliza referências da técnica de contato improvisação, danças populares brasileiras e práticas decoloniais, resultando em uma narrativa multifacetada.
“Procuramos uma relação com a escuridão, estar perto do desconhecido – nós mesmos e os outros para compartilhar histórias”, disse a diretora Ana Carolina.
A produtora Natália Siufi também explica sobre a pesquisa profunda relacionada à produção do espetáculo. “Me apaixonei por essa investigação profunda dos ossos, de cada detalhe, pra ir pra cena, mas mesmo vivenciando isso em doze anos de trabalho, não compreendia na corpa ainda esse jogo fino do improviso cênico que essa escola carrega. Ver isso de perto, a partir de artistas tão potentes e que são referência nessa linguagem foi minha maior motivação.”
Ela também menciona a importância da interseção entre dança e teatro. “Para nós, a interseção entre dança e teatro e brinquedo é o caminho possível de uma cena realmente não colonial. Nas comunidades do Brasil, quando você vai a um cavalo Marinho, Mamulengo, Bumba meu Boi, não há essa pergunta sobre o que é dança e o que é teatro. Há uma necessidade profunda de mover e comunicar, de estar junto, entre si e com a natureza.”
O trabalho do Grupo Xingó é descrito como um “dançar constante, um movimento dentro do movimento”, onde a pesquisa e a troca de experiências são fundamentais.
A iluminação é assinada por Marisa Bentivegna e a produção por Natália Siufi, com vozes ancestrais do Maranhão e Bahia. A dramaturgia sonora de Dani Nega mistura bumba-meu-boi e música eletrônica.
Sesc Belenzinho. Rua dos Gusmões, 43. Sex e Sáb, 20h e Dom, 17h. R$15 a R$50. Até 8/12 @sescbelenzinho