O melhor tirador de chope do Brasil
Barman do Boteco Maria brilha na finalíssima disputada no Bar Brahma e ganha o Campeonato Brasileiro da modalidade, disputado por 300 garçons
O craque Neurismar Donato não conseguiu dormir na véspera da grande final. Agitado, contou os minutos até o dia amanhecer. “Acho que foi a noite mais longa da minha vida”, diz. Apesar de ter se preparado a temporada inteira, ele temia que o nervosismo atrapalhasse a sua atuação. Sabia que o palco da decisão estaria lotado de torcedores e que os competidores lutariam até o fim por aquela conquista. Quando os juízes finalmente autorizaram o início das disputas, a tensão desapareceu. “De repente, fiquei confiante, me concentrei e apenas executei o que sei fazer de melhor”, conta. O profissional estava mesmo em grande forma. Em lances precisos, driblou os rivais, ganhou a torcida e venceu a segunda edição do Campeonato Brasileiro de Tiradores de Chope Brahma.
Sim, isso existe, e tanto organizadores quanto os “atletas” levam o torneio bastante a sério. O evento foi criado no ano passado pela Ambev. O vencedor leva o troféu em forma de uma bomba de chope. Na edição 2017, participaram sessenta bares e trezentos garçons de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. “Fizemos sessenta seletivas para definir os quinze finalistas, sempre em estabelecimentos repletos de torcedores e competidores de altíssimo nível”, diz Dan Belaciano criador do concurso e executivo da Ambev para a área de bares e restaurantes.
O campeonato levou em conta oito critérios considerados fundamentais para a retirada correta do chope e as avaliações foram feitas por mestres cervejeiros indicados pela Ambev. Para as notas em cada um dos quesitos, os competidores tinham o direito de tirar três chopes, que eram apresentados para o crivo dos jurados. “No exterior, há torneios desse tipo que atraem multidões”, conta Belaciano. A final do Campeonato Brasileiro foi realizada no Bar Brahma no dia 15 de dezembro e contou com a presença de 150 fanáticos torcedores, entre familiares dos “atletas”, frequentadores do bar e garçons interessados em descobrir os segredos da retirada perfeita.
Neurismar, baiano nascido na pequena Brotas de Macaúbas, tirou a nota máxima em todos os critérios e ganhou o troféu com certa folga. “Tiro chope há doze anos, fiz vários cursos, mas acho que o meu segredo é o talento natural mesmo”, diz, imodesto. Há dois anos, ele trabalha no Boteco Maria, em Santo André, onde realiza treinos intensivos com a retirada de pelo menos 200 chopes por dia. Depois de faturar o título, ele tem agora um novo projeto em mente. “Quero voltar para Brotas e mostrar o troféu para a cidade inteira.”
Os 8 critérios avaliados pelos juízes
1. Caldereta
Os juízes analisam a limpeza e a apresentação do copo.
2. Preparo.
O que vale é a temperatura do copo antes da colocação do chope. Ele deve ser resfriado com gelo ou água gelada.
3. Segredo
Os mestres cervejeiros analisam se os competidores dispensam de forma correta o primeiro jato do chope antes de ele ser colocado no copo.
4. Refrescância
Perde ponto quem não inclinar a caldereta em um ângulo perfeito de 45 graus. O líquido claro e brilhante deve preencher exatos dois terços do copo, sem qualquer sinal de espuma.
5. O Creme
Só pontua quem deixar o copo com exatos dois dedos de de colarinho, que deve ser cremoso e espesso.
6. O Choro
No final do processo, o garçom deve deixar que parte do colarinho transborde e escorra pela caldereta até eliminar todas as bolhas.
7. Reconhecimento
A aparência do chope deve ser impecável. Antes de servi-lo, o garçom deve checar se a base da caldereta está seca.
8. A torcida
O garçom que agitar mais a torcida ganha pontuação extra.