Paraty: confira um roteiro com hospedagens e endereços imperdíveis
A 23ª edição da Festa Literária de Paraty, de 30 de julho a 3 de agosto, movimenta a cidade colonial e convida a explorar seus encantos

Poeta de irreverências e lirismo, Paulo Leminski (1944-1989) será celebrado a partir da próxima quarta (30), quando se inicia a 23ª Festa Literária de Paraty, a Flip, que o homenageia. Com cerca de 100 convidados, entre autores nacionais e internacionais, o evento inspira programações paralelas por toda a cidade colonial. Com uma proposta de turismo regenerativo, que une sustentabilidade e integração com comunidades e ecossistemas locais, o grupo OCanto oferece vivências em vários de seus estabelecimentos, que também mantêm parcerias com a Flip.
O roteiro começa na Pousada Literária (diárias a partir de 1 900 reais), um dos hotéis oficiais da festa, que fica na Rua Domingos Gonçalves de Abreu, bem no centro histórico, rodeada pela boêmia paratiense. Durante o evento, a hospedaria serve em seu restaurante, Quintal das Letras, uma sobremesa especial. Apelidada de toda poesia, consiste em brioche recheado de creme e geleia de frutas nativas da Mata Atlântica. Quem se hospedar no local ainda vai poder provar delícias do menu, que inclui ingredientes frescos produzidos na região.




Além da gastronomia, a pousada conta com uma biblioteca recheada de títulos clássicos e contemporâneos da literatura e uma curadoria com sugestões de leituras em todos os quartos, o Poesia Spa, com um menu de terapias individuais e a dois e outras amenidades, como piscina com deque e academia. Na mesma rua fica o Daqui Empório, que serve um belo café da tarde, além de oferecer iguarias para levar, como geleias e compotas.


A poucos metros, a charmosa Livraria das Marés exibe uma seleção cuidadosa com cerca de 2 000 títulos. A loja vai receber destaques da programação literária, como os lançamentos de Amorhumorumor (Companhia das Letras), de Alice Ruiz e Rodolfo Gutilla, e da nova edição de Gozo Fabuloso (Todavia), livro de contos de Paulo Leminski, ambos na sexta-feira (1º).

Seguindo pela mesma rua, a Tenente Francisco Antônio, e dobrando à direita na Rua da Cadeia, onde se concentram turistas no entorno dos bares, lojas de artesanato e restaurantes, chega-se à Praça Matriz. Em frente, fica o Bar Atlântico, aberto em fevereiro nos fundos do casarão da família Klink. Em maio, a casa lançou uma carta de drinques assinada pela dupla Thiago Bañares e Caio Carvalhaes, sócio e bartender do Tan Tan, único brasileiro no ranking The World’s 50 Best Bars. Com base em insumos naturais e nomes inspirados em termos náuticos, a carta traz receitas autorais como o volta do fiel, uma homenagem ao coquetel jorge amado, uma criação de Paraty, com cachaça, especiarias, maracujá e suco de limão, e opções sem álcool, como a que reúne cupuaçu, mel de cacau, especiarias e limão.


“Nosso cardápio foi pensado para valorizar a Mata Atlântica, trabalhamos com frutas nativas, Pancs e flores”, explica Carvalhaes. Aproveite para provar o cardápio assinado por Fernanda Valdivia, chef- executiva do endereço, que inclui pratos como o polvo grelhado regado com azeite de chouriço e acompanhado de salada morna de batata. “Todos os imóveis do centro são tombados, então, não podemos fazer nenhuma construção fixa definitiva. Por isso, bolamos um bar com o Josper, que é um forno a carvão, como peça central. Para contrapor aos grelhados e dar um clima de frescor, trazemos receitas frias”, conta Fernanda. Durante a Flip, o bar funcionará sem intervalos, do café da manhã ao jantar.
Uma vez em Paraty, não deixe de explorar o mar verde-esmeralda da região. Uma dica é contratar uma embarcação para visitar as belas praias e ilhas. Serviço da Pousada Literária disponível para não hóspedes, a escuna Maria Panela oferece uma experiência gastronômica a bordo, para até vinte pessoas, num roteiro de seis horas até o paradisíaco Saco do Mamanguá. As saídas acontecem diariamente, às 7h30, e custam 7 500 reais para até quatro pessoas e 900 reais por pessoa adicional.
Outros passeios pela Baía de Paraty incluem paradas em algumas das 65 ilhas do município — patrimônios naturais envolvidos recentemente num imbróglio judicial por conta de um leilão de terras em áreas protegidas e já habitadas —, com itinerário ao gosto do cliente. Uma boa parada é o restaurante Recanto Caiçara, localizado em um cantinho da Praia do Engenho d’Água, somente acessível pelo mar. O refúgio funciona desde novembro de 2019 sob a batuta da chef Cida Rocha, que criou o local com a ajuda do marido pescador e dos filhos. Ela prepara a autêntica culinária caiçara, abundante em pescados locais, como a deliciosa caldeirada de frutos do mar — recomenda-se reservar.

De volta à terra firme, uma opção central é o restaurante Marina Paraty, às margens da Praia do Pontal. Propriedade de Marina Hirsch, que por quase três décadas foi sócia do badalado japonês Sushi Leblon, no Rio de Janeiro, a casa oferece, além de uma bela vista, saborosas receitas do mar e alternativas como feijoada e massa com ragu de carne assada.

Visita imperdível, a Fazenda Bananal, administrada pelo OCanto, une turismo ambiental, gastronomia e artesanato. “Temos uma produção orgânica em sistemas agroflorestais. Recebemos rejeitos que vêm para as composteiras e geram nutrientes para a nossa horta”, conta o gerente Fernando Guerra. Os vegetais de produção própria abastecem o restaurante local. O passeio inclui ainda uma sala de exposições com mostras sobre o tema sustentabilidade. Um prato cheio para os paulistanos que, aproveitando a Flip, pretendem explorar os ares paratianos.
Experiência degustativa em Paraty: vinhos produzidos em Lisboa, com rótulos inéditos no Brasil

Em Paraty, a reportagem de Vejinha participou de uma degustação de vinhos promovida pela Vinhos de Lisboa. “Nossa missão é controlar e verificar os vinhos lisboetas e promovê-los no mundo inteiro. O Brasil está sendo um grande mercado para nós”, explica André Teodoro, diretor de marketing da Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa.
A ideia é divulgar essa produção e mostrar que os vinhos de Portugal vão além daqueles produzidos nas famosas regiões do Douro e do Alentejo. Dos rótulos provados, vindos de oito sub-regiões vitivinícolas da capital (Colares, Óbidos, Bucelas, Carcavelos, Alenquer, Arruda dos Vinhos, Torres Vedras e Encostas d’Aire), 95% não chegam ao Brasil.
“Esses vinhos são cheios de personalidade, frescor, salinidade e uma diversidade que encanta logo no primeiro gole”, diz a sommelière Elaine de Oliveira, autora do blog Boa de Copo. Ela conduziu a experiência com a perfumista portuguesa Cláudia Camacho, que trouxe sua expertise em aromas para a degustação.
Destaques da Flip: confira eventos e mesas da programação oficial
› 30/7, 19h
Mesa de abertura Essa Noite Vai Ter Sol, com Arnaldo Antunes. Auditório da Praça.
› 31/7, 15h30
Oficina de escrita criativa com o poeta angolano Ondjaki. Cinema da Praça da Matriz.
› 31/7, 16h
Encontro literário com Mariana Salomão Carrara e Raphael Montes. Casa da Cultura.
› 1º/8, 21h
Mesa Palavras: Vida e Obra com Gregorio Duvivier. Auditório da Matriz.
› 2/8, 11h
Oficina O Corpo É Som, com os Barbatuques. Central Flipinha, na Praça da Matriz.
› 3/8, 13h30
Sessão de filmes do Curtas FlipZona. Auditório da Praça.
*A repórter Ana Mércia Brandão viajou a convite da Comissão Vitivinícola da região de Lisboa e a repórter Luana Machado a convite do grupo OCanto
Publicado em VEJA São Paulo de 25 de julho de 2025, edição nº 2954