Por falta de patrocínio, Quasar Cia de Dança paralisa as atividades
Após 28 anos de existência, os diretores Henrique Rodovalho e Vera Bicalho decidem pausar a trajetória de uma das companhias de dança mais prestigiadas do país
Fruto da parceria de 28 anos entre a produtora Vera Bicalho e o coreógrafo Henrique Rodovalho, a Quasar Cia. de Dança, de Goiânia, surpreendeu seus fãs e o meio artístico ao anunciar a suspensão de suas atividades por motivos financeiros. Com projeção internacional, a companhia também era muito querida pelos paulistanos que acompanham a dança contemporânea no país. Na última década, entre apresentações internacionais ou em outras capitais brasileiras, o prestigiado grupo esteve na cidade inúmeras vezes, em palcos importantes como o Teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros, e o Teatro Alfa, conhecido por suas boas temporadas de dança.
Nos últimos três anos, boa parte da receita do grupo vinha do programa público Petrobras Cultural, que finalizou no mês passado sem expectativas de renovação. “Com a crise do país, o preço da produção subiu e a verba não acompanhou a inflação”, conta José Villaça, bailarino da companhia há cinco anos.
Antes da decisão final, a direção tentou reajustar o formato de trabalho. Bilheterias e festivais chegaram a ser uma opção de renda, contudo, não o suficiente para cobrir os gastos não só da companhia profissional como também do Espaço Quasar – ambiente cultural criado há 10 anos no Setor Bueno, em Goiânia.
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A falta de recursos, aliás, já vinha abalando o grupo nos últimos meses. Ainda que o valor dos salários dos integrantes não ultrapassasse 2 000 reais, o elenco fixo de oito bailarinos diminuiu para seis em 2015. Além disso, as viagens internacionais foram reduzidas em 50%, as produções passaram a apostar em soluções cênicas mais baratas e a Quasar Jovem, projeto de profissionalização na dança para jovens goianos, encerrou suas atividades.
Com uma agenda a cumprir, a companhia estreia a coreografia A distância entre Dois neste fim de semana, em Goiânia. Um dos mais aclamados espetáculos do grupo, Sobre isso meu corpo não cansa subirá aos palcos de Brasília na sexta (16) e no sábado (17). Um mês depois, em 16 de outubro, o grupo faz uma última apresentação da obra em Goiânia.
Enquanto isso, para entregar o imóvel que ocupa, figurinos, cenários, linóleos e móveis já estão sendo encaixotados. “A Quasar está hibernando e tentando encontrar outros formatos de se reinventar e sobreviver”, acredita o balarino José Villaça. Oficialmente, as atividades encerram em 17 de setembro.