Plantas da Mata Atlântica crescerão por 1 ano em sala de prédio da capital
Espaço no Edifício Mirante do Vale, no centro, é lar da instalação, que recebe hóspedes via AirBnb e vai promover atividades culturais
O Edifício Mirante do Vale, o mais alto da capital paulista, ganhou uma instalação repleta de verde. Uma sala no 43º andar do prédio recebe 97 espécies nativas da Mata Atlântica, parte do projeto A selva que nos escapa. As plantas crescerão livremente pelos 70 metros quadrados por cerca de um ano.
“Nosso foco era criar um contraponto com a cidade urbanizada, que foi construída sobre a Mata Atlântica”, conta Charly Andral, 35, dono do local e idealizador do Andar43, nome do espaço cultural com duas enormes janelas de vidro que dão vista para o Vale do Anhangabaú. Nos próximos meses, diversas atividades devem ser desenvolvidas por ali, como experiências gastronômicas e pedagógicas sobre a floresta. O espaço também recebe hóspedes por AirBnb, com diárias que custam 280 reais.
“A ideia inicial foi minha mas eu fui atrás do Reinaldo Apablaza, que é um designer chileno que trabalha com paisagismo”, conta Andral. Durante dois meses a dupla percorreu diversos viveiros na Grande São Paulo para formar a composição do cenário. “Barra Funda tem dois viveiros, Santa Cecília, fomos em alguns na Zona Sul, em Cotia [Grande SP] e em uma horta comunitária de São Miguel Paulista [Zona Leste]”, explica.
Os interessados na iniciativa podem ajudar o projeto por meio de uma vaquinha online. Cada apoio dá direito a um tipo de experiência no local, entre a adoção de mudas, visitas, workshops, e outros eventos.
Alguns dos espécimes que compõem o cenário: bromélias, pau-brasil, cambuci, pitangueiras, taioba, ora-pro-nóbis e o maracujá. “Vai ser muito interessante ver a instalação evoluir ao longo das estações do ano”, diz Andral, que investiu 15 000 reais na aquisição das plantas.
Além das mudas, o local está repleto de móveis de escritório antigos. “Todos foram achados no próprio Mirante do Vale. A gente quer reproduzir um escritório em uma brincadeira: se eles ficassem vazios por 50 anos, o que aconteceria?”, explica. Uma cama de casal dobrável e uma cozinha, com fogão elétrico, geladeira e utensílios de cozinha, foram adicionais para os interessados em passar alguns dias no local.
O projeto exigiu a impermeabilização das paredes, para evitar a formação de mofo. A instalação ainda está em construção: novos espécimes serão adicionados ao longo dos meses. Entre os espécimes adquiridos, constam plantas que foram doadas por amigos e simpatizantes da ideia. “Queremos construir um ecossistema em torno da sala, uma rede de parceiros e amigos que compartilham essa mesma sensibilidade”, diz Charly.