Após um ano fechado, Teatro Ágora reabre com espetáculos inéditos
Nova programação do espaço prevê palestras, debates e apresentações de grupos estreantes
Em julho do ano passado, com o fim da temporada de O Processo de Giordano Bruno, o Teatro Ágora interrompeu sua programação e fechou as portas para uma ampla reforma. Mais de um ano depois, o espaço reabre na sexta (20), modernizado e com nova programação, que prevê apresentação de espetáculos inéditos, além de debates, palestras, publicação de periódicos e a estreia de grupos iniciantes.
“Esse tempo parado foi muito produtivo para fazermos um balanço crítico das nossas atividades e buscarmos nos reinventar”, afirma Celso Frateschi, diretor do espaço. Segundo ele, o teatro foi ampliado, as salas receberam melhorias e também a fachada foi revitalizada. “O espaço ficou muito mais agradável. Quase podemos sentir a presença de Epicuro no jardim”, brinca.
No mesmo dia da reabertura do teatro acontece a estreia de Teatro Nosso de Cada Dia. “Fizemos uma pesquisa sobre a teatralidade do dia a dia, sobre a arte que está nas ruas, e fizemos uma relação com os clássicos, com Sófocles, Shakespeare, Tchékhov e Brecht”, afirma Frateschi, que além de atuar na montagem, também a dirige.
Já no próximo dia 5, também sob sua direção, a sala Edith Siqueira recebe os Doutores da Alegria – famosos por seu trabalho junto a crianças em hospitais – para a estreia de Homem que Fala. “Não é uma linguagem de clown tradicional. Abrimos mão do nariz vermelho e também teremos vídeos e projeções no palco”, explica o encenador, se referindo à colaboração com o cineasta César Charlone, que dirigiu O Banheiro do Papa (2007) e fotografou longas como Ensaio sobre a Cegueira (2008) e Cidade de Deus (2002), pelo qual foi indicado ao Oscar.
Em novembro, o Ágora receberá a segunda montagem brasileira de White Rabbit, Red Rabbit, do iraniano Nassim Soleimanpour, que fez bastante sucesso entre maio e julho no Sesc Vila Mariana dado o seu formato pouco convencional: a cada apresentação, um ator diferente sobe ao palco sem saber exatamente o que vai interpretar. O resultado instiga o público, que participa ativamente da montagem. Frateschi afirma que ainda está negociando com os artistas que integrarão a nova montagem.
Os espetáculos, no entanto, são apenas um dos braços da nova programação do Ágora, que inclui debates – o primeiro deles, marcado para 16 de outubro, sobre a leitura de Brecht para a primeira cena de Coriolano, de Shakespeare, e traçar um paralelo com as recentes manifestações populares ocorridas no país –, cursos e palestras, além do projeto Sessão da Tarde, aberto a novos grupos que procuram um espaço para se apresentar. A primeira turma, de estudantes da Escola de Arte Dramática (EAD) da USP, também sob direção de Frateschi, se apresentam de 28 de setembro a 1º de dezembro. “Trata-se de um espaço para quem está começando na profissão, mas não tem um lugar para mostrar seu trabalho. Estamos dando essa oportunidade”, afirma o diretor do teatro. Os interessados podem enviar seus projetos para o e-mail agora@agorateatro.com.br.
Para 2014, Frateschi afirma que já tem uma ideia da programação para o Ágora. “Temos vontade de montar Potestad de Pavlovsky, e claro, estamos também ensaiando um texto de Brecht, afinal, ele é o mentor de nossas atividades e a maior inspiração para o nosso teatro”, afirma.