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‘Sem arte, um país não tem caráter’, diz Fernanda Montenegro

Atriz participou da sessão de gala da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo; prefeitura anunciou novo festival de teatro na cidade

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 14 fev 2020, 15h54 - Publicado em 19 out 2019, 10h39
Imagem mostra Fernanda Montenegro com semblante sério, com estante de livros ao fundo
Fernanda Montenegro (Bob Wolfenson/Divulgação)
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A atriz Fernanda Montenegro discursou e ouviu um “Parabéns para você” de uma plateia lotada durante a sessão de gala da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, na noite desta sexta-feira, 18, no Teatro Municipal. Ela também comentou sobre a situação da cultura no País, tema recorrente dos discursos da noite. “É estranho o que está acontecendo”, disse Fernanda, 90 anos recém-completos. “Mas os filmes estão aparecendo, as peças também. Estamos absolutamente vivos.”

“Sem arte, um país não tem caráter”, prosseguiu a atriz. “Parece que a arte é abstrata, que não passa pelo ‘pão nosso de cada dia’. O que não é verdade, o campo da arte é grande fornecedor de mão de obra. Nada é mais importante do ponto de vista social do que a arte, além da criatividade, do imaginário. Não sei por que nos destacam da solidez do lugar que se pode ganhar a vida.”

O secretário municipal de Cultura, Ale Youssef, anunciou a criação de um novo festival de teatro na cidade, a ser realizado em janeiro de 2020. O Festival Verão Sem Censura vai, segundo o secretário, acolher “todas as peças censuradas pelo governo federal”.

O diretor do filme que seria exibido (A Vida Invisível), Karim Aïnouz, também estava presente. O filme foi vencedor da mostra Un Certain Regard, no Festival de Cannes, e é o selecionado do Brasil para representar o País entre as indicações ao Oscar.

O produtor Rodrigo Teixeira compartilhou que uma exibição para membros da Academia, também nesta sexta, foi “ótima”. “Se esse Oscar vier, vai ser um tapa na cara de um governo que não acredita na cultura”, disse o produtor.

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Aïnouz também criticou o governo federal, que chamou de “covarde”, e lembrou de artistas que lutaram contra a ditadura militar no Teatro Municipal, como Walmor Chagas e Cacilda Becker além de ter mencionado os nomes de Mario de Andrade, Conceição Evaristo, Carolina de Jesus e Preta Ferreira.

O prefeito Bruno Covas disse ainda que os recursos de incentivos municipais à cultura serão dobrados na próxima lei orçamentária. Covas disse que ele e a secretaria também estão trabalhando na elaboração de uma política de incentivo à produção audiovisual em São Paulo. “É uma vocação da cidade”, disse Covas.

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