Artista passa 25 dias em alto-mar produzindo obras que compõem exposição em São Paulo
Xavier Veilhan transformou barco em ateliê e navegou da França ao litoral paulista, em projeto para conscientizar sobre impactos da arte no meio ambiente
No dia 5 de outubro, o artista francês Xavier Veilhan partiu de Concarneau, na França, a bordo do catamarã Outremer 5X, rumo ao Iate Clube de Santos, no Guarujá. A viagem de 25 dias pelo Oceano Atlântico é o início do projeto Transatlantic Studio. “Ele nasceu de uma reflexão sobre maneiras de reduzir o impacto de carbono de uma exposição. O que me interessou desde o início foi a dimensão do desafio, porque parecia impossível ir até São Paulo por outro meio que não o avião”, conta. Ele utilizou o barco como ateliê para produzir obras que vão compor a exposição Do Vento, que abre no dia 8 de novembro na Galeria Nara Roesler, no Jardim Europa, e fica em cartaz até 31 de janeiro.
Nascido em 1963, em Lyon, e radicado em Paris, Xavier emprega em sua produção materiais e processos que minimizam impactos ambientais. Ao barco-ateliê levou equipamentos de marcenaria, pensados para funcionar sem o uso de energia elétrica, para compor esculturas feitas com camadas de madeira. O percurso também resultou em murais geométricos e um filme, feito com gravações diá rias no barco a vela. Ele acredita que o mundo da arte pode ter menos impacto no meio ambiente: “Tem galerias que participam de mais de vinte feiras de arte contemporânea por ano. É uma corrida constante, muitas vezes para reencontrar as mesmas pessoas em lugares diferentes. Talvez fosse melhor encontrar pessoas diferentes nos mesmos lugares”.
Apesar de ter partido com uma ideia do que seriam as obras, a experiência atlântica trouxe novas perspectivas. “Muitos animais vêm ao nosso encontro e geram imagens ainda mais marcantes por serem novas”, diz. Para realizar o feito, o artista foi acompanhado pelo navegador Roland Jourdain; o capitãoassistente Denis Juhel; seu filho, Antoine Veilhan, especializado em marcenaria e marcenaria náutica; e Carmen Panfiloff, assistente de escultura e marcenaria. Quem embarcou também foi o oceanógrafo Matthias Colin, para fins de pesquisa de identificação e preservação da vida marinha. Ao voltar à França, de barco, a ideia é transformar a viagem em um doc em colaboração com o Museu da Marinha, em Paris: uma forma de propagar o cuidado com o meio ambiente. ■
Publicado em VEJA São Paulo de 31 de outubro de 2025, edição nº 2968.
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