Bacalhau, Vinho e Cia.

Resenha por Arnaldo Lorençato

Com uma localização inusitada, o Bacalhau, Vinho e Cia. defendeu a culinária lusa clássica por cinco décadas em frente às linhas de trem e do metrô naquele paredão da Barra Funda. O restaurante foi fundado por Barbosa Filho, empresário homônimo do mítico radialista e comentarista esportivo, que passou o negócio adiante três anos depois da inauguração. Entre os quatro sócios que assumiram a casa, estava o espanhol José Pallas, falecido em 2021. Nove anos atrás, o comando passou ao filho de José, Carlos, e também ao neto Caique, formado em gastronomia pelo Senac e hoje o responsável pelo cardápio. Confesso que a cozinha do endereço nunca teve predicados que me entusiasmassem. Nos últimos anos, porém, a dupla de proprietários vem numa onda expansionista e também de apuro da cozinha. Chegaram assim ao Itaim Bibi, onde hoje estão instalados no térreo de um flat. O avanço mais recente foi a mudança da sede, transferida para o Pacaembu em maio. Nesse endereço esparramado por dois pavimentos, o camarão-pistola gratinado com natas (R$ 65,00, duas unidades) ganha um tom tostado por fora e mantém a carne macia sobre um creme de catupiry com azeitona preta. O bolinho de bacalhau (R$ 12,00 a unidade) tem o formato de um charuto que merece um fio de azeite para ficar ainda mais saboroso. Depois da seleção de entradas, dois paladares podem se satisfazer como a versão do pescado zé pallas em meia dose (R$ 248,00), receita que chegou ao cardápio em 2015. Trata-se da posta inteira disposta sobre batatas e com uma cobertura de molho de cebola, pimentão, azeitona preta e tomate, que vai ao forno e chega à mesa pelando. Para quem não resiste aos doces conventuais, o trio (R$ 35,00) é uma degustação de três clássicos: encharcada de fios de ovos, sericaia polvilhada de canela e um ótimo toucinho do céu.

Informações checadas em dezembro de 2024.