Edith

Resenha por Saulo Yassuda

Pode-se falar que Rafael Ramos Pereira, ou melhor, Rafael Mariachi, fez de tudo um pouco na carreira, iniciada em 1999. Como bartender, deu expediente tanto em inferninhos obscuros quanto em lugares da moda, como o extinto restaurante P.J. Clarke’s e o Boteco São Bento. Deixou os balcões de lado uma década atrás para trabalhar nos bastidores, com marcas de bebida. Em mais um movimento na trajetória, retorna ao mundo dos bares: em janeiro, abriu o Edith, no centro. O nome da casa, homenagem à cantora francesa Édith Piaf, entrega a inspiração do lugar, estacionado no salão antigo do vietnamita Bia Hoi, agora com paredes vermelhas e espelhos mil. O anfitrião recebe a clientela e entrega alguns pedidos enquanto a bartender Estella Moraes faz os drinques da carta dele. São clássicos e criações, algumas com nomes compridos que vale mais a pena apontar no cardápio do que recitar. É o caso d’o absurdo transparente de camus (gim, amaro branco, Lillet Blanc e licor de café translúcido; R$ 39,00), para fãs de café, e do le mystère de la poire (gim saborizado de pera, chá de camomila, jerez fino e redução de espumante; R$ 39,00), para quem não curte perceber tanto o álcool na boca. Merece destaque também o ótimo cherie (R$ 42,00), adocicada e corpulenta mistura de conhaque, cachaça branca, vermute tinto, creme de cacau e bitter aromático de cereja. O menu de petiscos é de Dani Borges, chef do Bia Hoi, que toca o negócio com Mariachi. Boa ideia para beliscar, a tábua de queijos brasileiros, peito de pato curado, copa lombo defumada, crackers de gergelim e geleia de cebola-roxa ou tomate sai por R$ 67,00. Uma pena, os mexilhões ao alho e vinho branco (R$ 45,00) estavam secos numa das visitas.

Informações checadas em abril de 2024.