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Vendas em queda e preço dos aluguéis afugentam lojistas dos Jardins

Nos últimos doze meses, quase duas dezenas de estabelecimentos baixaram as portas na região

Por Ana Caralina Soares
Atualizado em 1 jun 2017, 17h10 - Publicado em 21 nov 2014, 23h00
Jardins - Loja do Bispo
Jardins - Loja do Bispo (Mario Rodrigues/VEJA SÃO PAULO/)
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Letras garrafais lembrando um hit dos Beatles adornam a fachada de um imóvel no número 348 da Rua Dr. Melo Alves, nos Jardins. Na semana passada, a placa de “Aluga” de uma imobiliária encobria o trecho adaptado do refrão da música: “I say goodbye. You say hello” (eu digo adeus, você diz oi). Sem querer, dessa forma, a vitrine contém uma triste ironia.

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Ela simboliza o momento delicado do comércio na área. No endereço, funcionou por oito anos a Loja do Bispo, especializada em móveis e objetos descolados de decoração. Nos últimos tempos, porém, o movimento começou a cair muito. Até que, em abril, o negócio fechou as portas. “Foi um longo período criando e garimpando artigos, mas trabalhar com vendas é difícil”, lamenta a artista plástica Pinky Wainer, que era responsável pelo estabelecimento.

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Para o comércio da cidade como um todo, o ano não vai deixar muitas recordações boas. A previsão de especialistas é que o varejo na capital termine 2014 com uma retração de 2%. Parece uma brecada administrável. No caso dos Jardins, porém, as vendas em baixa somadas aos custos de operação na região, bastante inflacionados devido ao preço dos aluguéis, representaram uma combinação letal não apenas para a Loja do Bispo.

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Quase duas dezenas de estabelecimentos fecharam por lá nos últimos doze meses. Entre eles, Alexandre Birman, Bang & Olufsen, Christian Dior, Cartier e Salvatore Ferragamo. Como não há dados oficiais, o número pode ser maior. “Os locais vagos nessa área refletem o cenário de freada do consumo”, afirma Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo.

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No trecho mais nobre da Rua Oscar Freire, entre a Avenida Rebouças e a Alameda Casa Branca, por exemplo, sete propriedades estão desocupadas. Uma delas abrigou por 39 anos a primeira unidade da Victor Hugo na cidade. Em dezembro de 2013, os executivos baixaram as portas. “Desejo voltar para lá como proprietário ou com um contrato de locação melhor”, conta Teddy Paez, diretor de marketing da marca. Os 65 000 reais pedidos para alocação têm afugentado outros interessados. A casa no número 816 procurainquilino há onze meses e ainda nãotem previsão para ser ocupada.

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Fernando Sita, diretor na imobiliária Coelho da Fonseca, diz que a economia fraca exige mais flexibilidade dos donos dos imóveis. “É melhor rever valores do que ficar muito tempo com o ponto vazio”, alerta. A valorização dos aluguéis chegou a 500% entre 2008 e 2012 e os preços não baixaram depois disso.

Jardins - Pop Up Store
Jardins – Pop Up Store ()

A concorrência com os shoppings é outro complicador. Após cinco anos, a marca Pop Up Store deixou a Oscar Freire em agosto e concentrou esforços no Shopping JK Iguatemi, onde está estabelecida desde 2011. “Percebemos que o custo era o mesmo da loja dos Jardins, mas temos quase o dobro do faturamento”, explica Fabiana Justus, uma das sócias.

Apesar dos problemas, o cenário está longe de ser de terra arrasada. Mesmo com as baixas recentes, lembra a presidente da Associação dos Lojistas dos Jardins, Rosangela Lyra, outras empresas chegaram à região, como a Riachuelo, inaugurada em novembro do ano passado. 

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Para aquecer o movimento nos próximos anos, Rosangela planeja tirar do papel uma reforma em vias da região semelhante à realizada em 2006, quando as calçadas da Oscar Freire foram niveladas e a fiação elétrica, aterrada. “As dificuldades atuais são passageiras e não vão abalar nosso diferencial, que é oferecer moda e estilo de vida ao ar livre”, acredita.

Os vilões da área

Preço dos aluguéis

› A valorização entre 2008 e 2012 chegou a 500% em alguns endereços mais nobres do pedaço

Retração econômica

› O varejo na capital deve fechar 2014 com queda de até 2%. A previsão para o crescimento do PIB é de 0,3% neste ano

Concorrência dos shoppings

› Alguns lojistas preferem os centros comerciais, onde há mais segurança e o faturamento é maior

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